São Paulo, terça-feira, 22 de outubro de 2002 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Em defesa do Rio Grande e do Brasil TARSO GENRO
Ao longo dos últimos três anos e
dez meses, o Partido dos Trabalhadores e seus aliados da Frente Popular
governaram o Rio Grande do Sul em
condições extremamente adversas. Remamos contra a maré do modelo neoliberal, que sucateava a estrutura estatal
do país, promovendo as privatizações
financiadas pelo próprio poder público.
Não importa que o fato seja desmentido pelas estatísticas -inclusive as informações do BNDES, se compararmos o êxodo de empresas no governo Britto e os investimentos privados aqui acolhidos e estimulados pelo nosso governo. Na verdade, a disputa que ocorre em nosso Estado é entre o Brasil que está terminando, melancolicamente, com um modelo econômico que precisa de US$ 30 bilhões para pagar juros e serviços da dívida e o Brasil que nasce das urnas, com Lula presidente. Um presidente que iniciará a construção de um novo contrato social no país, seguramente baseado nos seguintes pontos: inserção soberana do país na nova ordem global; desenvolvimento que gere e distribua renda, para reduzir drasticamente as desigualdades sociais e regionais; fortalecimento, qualificação tecnológica e proteção (como fazem os países "ricos") da nossa base produtiva instalada; fortalecimento das instituições republicanas e participação cidadã. Toda essa agenda será cumprida com a formação de uma nova maioria política, para governar o país, que corresponda à abrangência e à amplitude dessas tarefas históricas, para que elas possam transitar com estabilidade e previsibilidade. O Rio Grande tem a sorte de, neste segundo turno, ter uma especial nitidez nas propostas em disputa. Nosso adversário foi líder do governo FHC, apóia José Serra e foi governo no período anterior. O mesmo governo em que foram promovidas as privatizações que o próprio ex-governador do PMDB, antes de as fazer, afirmou que estavam excluídas do seu programa, porque seriam "criminosas" (literalmente). No primeiro turno, uma exagerada polarização nossa com o ex-governador Antonio Britto permitiu que o nosso adversário atual corresse "solto" e se apresentasse como isento de qualquer relação com os "lados" em confronto. Estamos conscientes da extrema responsabilidade que nos exige o segundo turno: dar nitidez às biografias políticas dos candidatos e às propostas de ambas as frentes políticas em contenda, para que o Rio Grande, que tanto já contribuiu na história pátria, possa mais uma vez contribuir com o povo brasileiro. Porto Alegre tornou-se, por meio das quatro administrações da Frente Popular, uma cidade mundialmente reconhecida pela qualidade da sua gestão pública e pela sua capacidade de revigorar a democracia representativa, através dos foros de participação direta, que reforçaram as instituições tradicionais da República. O Rio Grande do Sul começou, com o nosso primeiro governo, esse mesmo caminho. Teve resistências porque contrariou interesses daqueles que utilizavam a máquina pública para defender suas necessidades "particularistas". No segundo governo temos condições de avançar, fazer mais e melhor. Principalmente porque não estaremos remando (quase isolados no país) contra a maré neoliberal, concentradora de renda e de poder, mas entraremos numa nova etapa histórica do Brasil, com Lula governando para todos. Tarso Genro, 55, advogado, é o candidato do PT ao governo do Rio Grande do Sul. Foi prefeito de Porto Alegre (1993-96 e 2001-02) e deputado federal (1989-90). Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Germano Rigotto: Um Rio Grande para todos Próximo Texto: Painel do leitor Índice |
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