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Exemplo colombiano
POLÍTICOS E marqueteiros
gostam de oferecer "soluções" simples para os problemas que lhe são apresentados. Assim, quando confrontado
com a questão da violência, por
exemplo, um tenderá a abraçar
um "slogan" como "Rota na rua";
outro dirá que nada será resolvido enquanto as grandes assimetrias na distribuição de renda
não forem equacionadas.
Os dois estão errados. É cada
vez mais consensual entre especialistas a convicção de que a violência é um fenômeno multifatorial cujo enfrentamento exige
várias abordagens.
O caso colombiano é elucidativo. Como relatou Gilberto Dimenstein em reportagem publicada no domingo passado, nos
anos 90 o país viveu uma explosão de violência, para a qual contribuíam, além da pobreza característica da América Latina, narcotráfico, guerrilha e grupos paramilitares. Em Medellín, por
exemplo, em 1991, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes
era de impressionantes 361 -a
título de comparação, em São
Paulo ela é de 24 (2005).
Hoje, Medellín ostenta um índice de 39 assassinatos para cada
100 mil habitantes. O número
ainda é alto, mas a redução de
90% em 15 anos é significativa.
O que ocorreu? Medellín continua pobre: 40% da população
vive com menos de US$ 2 por dia.
Mas uma série de ações envolvendo todos os níveis de governo
conseguiu reduzir o poder de
narcotraficantes, guerrilheiros e
paramilitares. O Estado chegou
às favelas com policiais comunitários, agentes de saúde, mediadores de conflito. Condenados
por tráfico foram convidados a
dar palestras a jovens contando
sua experiência. Bibliotecas foram espalhadas pela cidade.
O Brasil tem muito a aprender
com a Colômbia. Mas deve, antes
de mais nada, romper de vez com
a idéia de que existem soluções
mágicas para problemas complexos como o da violência.
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