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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Michel Temer: tanto faz
SÃO PAULO - Indio da Costa ainda
não brilhou na TV de José Serra,
mas Michel Temer enfim apareceu
no programa eleitoral de Dilma
Rousseff. Foi na terça à noite. Discursou por um minuto diante da câmera, como se fosse o fiador ou o
guardião da governabilidade.
Destacou a importância de uma
"maioria sólida" no Congresso para
o futuro presidente e desfilou números: Dilma, se eleita, terá o apoio
"de mais de 350" dos 513 deputados, e poderá contar "com mais de
50" dos 81 senadores. E concluiu,
com seu típico sorriso de Monalisa
no canto da boca: "Dilma poderá
governar com tranquilidade".
Michel Temer...
Há quatro anos, já então presidente do partido, o vice de Dilma
apoiou Geraldo Alckmin contra Lula. Mais do que isso. O PMDB, sem
candidato próprio, rachou no segundo turno. O governador Sérgio
Cabral fechou com Lula. E Temer
foi o articulador do apoio do casal
Garotinho -Anthony e Rosinha, à
época no PMDB- ao tucano.
Está tudo documentado: no endereço www.folha.com/102942
você pode ver as imagens de Alckmin, Temer, Garotinhos -juntos
pelo Brasil. "Nós começamos a fazer um trabalho para obter a parcela mais ampla do PMDB no apoio à
Alckmin. Hoje, com Rosinha e Garotinho, foi o primeiro passo", disse
Temer no dia 4 de outubro de 2006.
Clarissa, a filha do casal, trajava camiseta onde se lia: "FORA LULA".
Isso deve dizer algo sobre as convicções de Temer. Entre aquele que
queria mandar Lula para casa em
2006 e o que hoje se apresenta como vice de Dilma, o que mudou?
Não é, afinal, o mesmo governo?
Temer seria o primeiro a acenar
na direção de Serra na hipótese improvável de uma vitória tucana. Daria ao gesto um ar solene e grave,
invocando a mesma "governabilidade" que serve de álibi para os negócios do partido. O presidente do
PMDB é o senhor tanto faz da política brasileira. Ou são o PT e o PSDB
que estão cada vez mais parecidos
com a política de Michel Temer?
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