São Paulo, sábado, 22 de outubro de 2011

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Editoriais

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Negócio difícil

É quase dispensável, pela obviedade da constatação, notar que as dificuldades enfrentadas pelo empreendedor privado no Brasil são gigantescas.
Quando consegue acesso a crédito, o que já é tarefa árdua, o custo do empréstimo é abusivo. Também elevados são os tributos, assim como numerosos e complexos, o que torna dispendiosa a tarefa de mantê-los em dia. E para abrir uma firma, ou mesmo para fechá-la, o empreendedor se vê obrigado a atravessar um infernal e interminável emaranhado de trâmites burocráticos.
O diagnóstico, vale frisar mais uma vez, já é antigo. A despeito disso, as iniciativas oficiais para minorar tais problemas continuam tímidas e lentas. Inércia que se reflete na colocação retardatária que o Brasil costuma alcançar nos rankings internacionais sobre o ambiente de negócios.
É lamentável constatar que, nesse aspecto, andamos novamente para trás. No mais importante levantamento internacional sobre o tema -"Doing Business", do Banco Mundial, cujo relatório anual foi publicado nesta quarta-feira-, de 2010 para 2011 o Brasil caiu da 120ª para a 126ª posição, num universo de 183 países.
O estudo examina todo o ciclo de vida das companhias, da abertura ao fechamento, e se concentra no ambiente para as pequenas e médias empresas. As comparações que dão origem à classificação se baseiam, ao todo, em dez indicadores específicos.
No cômputo geral, o Brasil ficou novamente muito atrás de vários países latino-americanos (como Chile, Peru, Colômbia e México) e, dentre os chamados Brics, só superou a Índia. Houve uma área, segundo o relatório, que no último ano registrou avanço: trata-se da obtenção de crédito.
O ponto destacado foi a melhora do sistema de informação de crédito no país, propiciada pela aprovação da lei do cadastro positivo, que permitiu a entidades privadas coletar e divulgar listas de bons pagadores.
O levantamento do Banco Mundial se concentra em aspectos relativos à legislação e à oferta de infraestrutura. Ele não leva em conta, portanto, um fator importante como o câmbio.
Espanta as autoridades brasileiras, que reconhecem o quanto a competitividade da indústria nacional tem sofrido com a alta do real nos últimos tempos, não atacarem com a devida premência os elementos que encarecem a produção do país.


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