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FERNANDO RODRIGUES
Insensibilidade - 2
BRASÍLIA - Leitores escrevem. Os ministros Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e Cristovam Buarque (Educação) telefonam. Fazem reparos ao aqui
exposto na quarta-feira em relação à
insensibilidade de parte do governo
no debate sobre redução da maioridade penal de 18 para 16 anos.
Dos leitores, a maior crítica é que os
políticos não podem ser atacados por
serem sinceros ao dizer o que pensam. Márcio Thomaz e Cristovam
deram declarações peremptórias
contra a redução da maioridade.
Em seus telefonemas, os dois ministros repetiram suas convicções. Não
enxergam razão para esconder suas
idéias. Márcio Thomaz acrescentou
um dado: quando se declarou "radicalmente" contra a redução da maioridade penal, não relacionou a pergunta ao drama ocorrido em São
Paulo -o casal de namorados assassinado por um menor de idade.
Como já exposto na quarta-feira,
diminuir a maioridade não parece
ser uma solução apropriada para reduzir a criminalidade. Mas nem é esse o ponto. Também seria um disparate desejar que um ministro mentisse sobre suas posições ideológicas. O
problema é mais embaixo.
O fato a ser registrado é a falta de
tato de quem fala, como se não existisse o assassinato do casal de namorados em São Paulo.
A espontaneidade não é um valor
ruim. Pode até ser um predicado. Seria desejável que todos os políticos
fossem sinceros. Ocorre que não são.
Márcio Thomaz e Cristovam,
quando falaram, dando a impressão
de frieza diante de um drama de alto
calibre socioemocional, ajudaram a
desconstruir a imagem, vá lá, "humana" que Lula gosta de imprimir à
sua administração.
A explicação dos ministros é que
eles preferem ser assim, sinceros. Tudo bem. Seria o caso então de também declinarem em público o que dizem em privado sobre certos políticos
fisiológicos e/ou egressos da direita
hoje na coalizão lulista. Aí seria pedir
demais. A sinceridade, como se sabe,
tem limites e é seletiva.
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