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FREIO NO CONSUMO
Foram divulgadas na semana
passada novas evidências de
que há algum tempo a economia
brasileira está em desaceleração. A
Pesquisa Mensal do Comércio, realizada pelo IBGE, apurou que em setembro o volume de vendas do comércio varejista foi quase 9% superior ao observado em setembro de
2003. O resultado, à primeira vista
auspicioso, foi muito influenciado
pela base de comparação baixa.
De fato, cotejando as vendas de setembro com as de agosto, sem as influências sazonais, bancos e consultorias constataram um pequeno recuo. Como também de julho para
agosto observara-se queda das vendas, elas fecharam o terceiro trimestre em nível quase idêntico ao verificado no segundo trimestre.
Esses resultados caracterizam um
ritmo mais lento do consumo, que
desde o terceiro trimestre do ano
passado se mantinha em alta progressiva. O segmento que mais contribuiu para a desaceleração foi o de
bens de consumo duráveis, que vinha liderando a alta. De agosto para
setembro, as vendas de duráveis -as
mais sensíveis às condições de crédito- tiveram leve queda.
Setembro, vale lembrar, foi o primeiro mês em que o Banco Central
(BC) voltou a elevar a taxa de juros
básica. Em agosto, a autoridade monetária já havia sinalizado que faria
esse movimento. A resposta do comércio foi rápida: estancou a redução dos juros e o aumento do número de prestações no crediário.
A estagnação das vendas do comércio no terceiro trimestre deve ser vista
como um alerta. O modelo econométrico empregado pelo BC para
orientar a política monetária supõe
que uma alteração nos juros leva pelo
menos três meses para impactar a
atividade econômica.
Essa hipótese é discutível, mas, admitindo-se que seja correta, a desaceleração do consumo no terceiro trimestre não teria sido influenciada
pelo aumento de juros. A conclusão
lógica seria a de que outros fatores,
como a progressiva satisfação da demanda represada por duráveis e o estreitamento do fôlego de endividamento das famílias, já estavam
atuando como freios ao consumo.
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