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CLÓVIS ROSSI
Os reis da velocidade
SÃO PAULO - As propostas do empresário Jorge Gerdau para a Previdência foram apresentadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva há
mais de dois anos. Informação que
o próprio Gerdau deu à Folha em
Davos, durante um dos encontros
anuais do Fórum Econômico Mundial.
Pois bem: agora, as propostas foram parar nas mãos do ministro da
Fazenda, Guido Mantega. Dois
anos depois. Impressionante a agilidade do governo. Mas não quer dizer que as propostas sairão agora
do papel. Ainda serão estudadas pelo ministro (e, certamente, por outros ministros).
Esse episódio ilustra bem como o
poder público brasileiro (em todas
as esferas, em todos os governos) é
um mundo particular, que funciona em velocidade e a partir de interesses próprios, como se não pertencesse ao público.
Um mundo capaz de ser "apanhado de calças curtas", como diz o
chefe de turno do mundinho, Luiz
Inácio Lula da Silva, em referência
às dificuldades enfrentadas pelo setor agrícola.
De "calças curtas" também no caso da crise nos aeroportos. Nesta,
aliás, o governo promete uma solução bem rápida (para os padrões
habituais do poder público): até o
Natal, ou seja, dentro de pouco
mais de um mês.
Dane-se quem tem pressa. Que
vá de ônibus.
Aliás, você reparou na velocidade
com que se apura o desastre da Gol,
que acabou sendo a porta de entrada do caos? Há um relatório preliminar, mas ele não diz claramente
o que aconteceu nem por que aconteceu. Fica uma espécie de torneio
em que cada torcida escolhe o seu
culpado favorito.
Estamos falando de um setor de
ponta. Se nele prevalece a acomodação numa ponta e o lusco-fusco
na outra, para dizer o mínimo, imagine o nível de sombra que existe
nos escaninhos mais remotos da
administração pública.
crossi@uol.com.br
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