São Paulo, quarta-feira, 22 de novembro de 2006

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CLÓVIS ROSSI

Os reis da velocidade

SÃO PAULO - As propostas do empresário Jorge Gerdau para a Previdência foram apresentadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva há mais de dois anos. Informação que o próprio Gerdau deu à Folha em Davos, durante um dos encontros anuais do Fórum Econômico Mundial.
Pois bem: agora, as propostas foram parar nas mãos do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Dois anos depois. Impressionante a agilidade do governo. Mas não quer dizer que as propostas sairão agora do papel. Ainda serão estudadas pelo ministro (e, certamente, por outros ministros).
Esse episódio ilustra bem como o poder público brasileiro (em todas as esferas, em todos os governos) é um mundo particular, que funciona em velocidade e a partir de interesses próprios, como se não pertencesse ao público. Um mundo capaz de ser "apanhado de calças curtas", como diz o chefe de turno do mundinho, Luiz Inácio Lula da Silva, em referência às dificuldades enfrentadas pelo setor agrícola.
De "calças curtas" também no caso da crise nos aeroportos. Nesta, aliás, o governo promete uma solução bem rápida (para os padrões habituais do poder público): até o Natal, ou seja, dentro de pouco mais de um mês.
Dane-se quem tem pressa. Que vá de ônibus.
Aliás, você reparou na velocidade com que se apura o desastre da Gol, que acabou sendo a porta de entrada do caos? Há um relatório preliminar, mas ele não diz claramente o que aconteceu nem por que aconteceu. Fica uma espécie de torneio em que cada torcida escolhe o seu culpado favorito.
Estamos falando de um setor de ponta. Se nele prevalece a acomodação numa ponta e o lusco-fusco na outra, para dizer o mínimo, imagine o nível de sombra que existe nos escaninhos mais remotos da administração pública.


crossi@uol.com.br

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