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FERNANDO RODRIGUES
Chegou o "cobrança zero"
BRASÍLIA - Se política é, em grande parte, uma simbologia de imagens, gestos e omissões, Lula tirou a
sorte grande com a oposição. No
meio da crise do mensalão, PSDB e
PFL tiraram o pé do acelerador
quando o marqueteiro presidencial, Duda Mendonça, confessou ter
recebido dinheiro sujo para fazer
campanhas do PT.
Neste ano, Lula sapecou o sofisma da "privatização do mal" contra
os tucanos. Não houve voz ativa
dentro do mundo tucano-pefelista
com coragem para rebater.
Passada a eleição, depois de tomar uma sova de Lula, a oposição
ganhou de presente dois temas relevantes para cobrar duramente do
governo. Primeiro, o apagão aéreo.
Segundo, e mais relevante, o deserto de idéias na equipe econômica,
incapaz de produzir uma única saída viável para tirar o Brasil do patamar medíocre de crescimento.
Mas Lula é um homem de sorte. A
oposição continua a emitir sinais
ambíguos. O governador eleito em
São Paulo, o tucano José Serra, tem
gente no seu entorno dizendo que
ele gostaria de fazer um novo partido. O congênere de Minas Gerais,
Aécio Neves, deixa correr solta a especulação sobre sua mudança para
o PMDB antes de 2010.
Suprema capitulação veio no fim
de semana. O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, não apenas
aceitou uma carona no avião presidencial como saiu dizendo que Lula
está mais maduro.
Ontem e anteontem, oposicionistas se esfalfavam para dizer que a
carona de Virgílio foi um "ato de civilidade". Errado. Foi só ingenuidade e um erro tático e estratégico. O
que ganhou a oposição? Nada. E Lula? Saiu com a fama de quem quer
conversar com todos.
Com uma oposição mansa assim,
o petista no Planalto está à vontade
para errar sem medo no próximo
mandato. PSDB e PFL, de forma
quase unânime, criaram o inusitado programa "cobrança zero".
frodriguesbsb@uol.com.br
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