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ELIANE CANTANHÊDE
Dilemas do PSDB
BRASÍLIA - Na oposição, o PT do
Lula metia a lenha em tudo do governo tucano. No governo, o Lula
do PT faz tudo igual e ainda aprofunda o que antecessor tucano fazia. O dilema tucano é: como combater suas próprias criaturas?
Se o PSDB articula a votação contra a prorrogação da CPMF, está
negando o passado. Foi o governo
FHC quem transformou o imposto
provisório em contribuição permanente "da saúde".
Se vota contra a entrada da Venezuela no Mercosul, como fez ontem
na Câmara junto com o DEM e o
PPS, também está negando o passado. Foi o governo FHC quem selou
a forte aliança dos dois países. A reviravolta só começou em 2002,
quando o então candidato José Serra bateu em Chávez na tentativa
-de resto, inútil- de marcar posição no cenário internacional.
Nos dois casos, da CPMF e da Venezuela, o PSDB ficou num beco
sem saída, pois o contrário seria um
desastre político. Continuar sentando à mesa com ministros de Lula e afinal dar de bandeja a bolada
de R$ 40 bi da CPMF aos cofres do
governo em 2008, ano eleitoral, seria dar os ovos na boca da raposa.
E votar a favor da Venezuela no
Mercosul seria badalar a política
externa de Lula, que enaltece Chávez como companheiro democrático, útil para as exportações brasileiras de manufaturados e fundamental ao Mercosul.
Nos dois casos, o PSDB está sem
alternativa e debate-se febrilmente
entre ser coerente ou votar politicamente e como oposição. Os tucanos
deixaram seu programa e suas bandeiras escorrerem pelos dedos para
Lula, e, agora, bater no governo é
bater no que eles próprios criaram.
Não é o caso de "toma que o filho
é teu". É deles -do PSDB, embalado e engordado por Lula. Como dizia Pedro Malan, tudo é "um processo". Lula se beneficia do processo. O PSDB vagueia sem rumo, tentando ser oposição sem poder ser.
elianec@uol.com.br
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