|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Editoriais
Lucros genéricos
INSTITUÍDO em 2003 para
proteger o consumidor contra eventuais abusos, o tabelamento de preços de medicamentos está se tornando, em
alguns casos, uma garantia de
ampliação das margens de lucros
das farmácias. A Folha mostrou
que os estabelecimentos adquirem remédios genéricos dos laboratórios com desconto médio
de 65% sobre o preço máximo fixado pelo governo.
A diferença não é repassada ao
consumidor, que recebe descontos aquém dos obtidos pelo comércio com seus fornecedores.
A tabela da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos estabelece que um remédio
vendido a R$ 10 na fábrica deve
custar no máximo R$ 13 para o
consumidor -diferença de 30%.
As farmácias, entretanto, obtêm esse hipotético medicamento de R$ 10 por R$ 3,50 e o vendem a R$ 10,40. O consumidor
ganha um desconto de 20% sobre o preço máximo que poderia
ser cobrado, sem saber que a redução poderia ser maior.
Outro descompasso verificado
pela reportagem diz respeito à
relação entre os preços dos genéricos e os das drogas de referência. Os primeiros deveriam
ser oferecidos no balcão a preços
35% menores, mas há casos em
que custam mais que os produtos de marca -porque o valor
destes, pressionado pela competição, também está em queda.
Os descontos concedidos pelos
laboratórios refletem o aumento
da concorrência e a valorização
do real, que barateou insumos
importados. Para representantes do setor, o fim do tabelamento, com abolição do preço máximo em faixas competitivas, acarretaria quedas mais acentuadas
em benefício do consumidor.
É uma experiência a ser feita.
Afinal, se o mercado puxa os preços para baixo, é absurdo que o
governo atue em sentido contrário. A lógica deveria ser baratear
o acesso aos medicamentos, não
torná-lo mais caro.
Texto Anterior: Editoriais: Efeito Itaipu Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: Irã teste maturidade de Lula Índice
|