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ELIANE CANTANHÊDE
Decolando
BRASÍLIA - A decisão sobre os novos caças da FAB está madura. Jobim decide as promoções das três
Forças Armadas e encontra-se com
Lula amanhã. Na quinta, reunião do
Alto Comando da Aeronáutica.
Depois da gafe brasileira de
anunciar o vencedor de um processo de seleção ainda em andamento,
os concorrentes trocaram provocações e ironias ao longo do processo,
fazendo romarias ao Brasil nunca
antes vistas nos reinos da Suécia, da
Boeing e da Dassault. Sinal de que o
negócio é dos bons.
Cada proposta tem vantagens e
desvantagens. A elas:
O Rafale, francês, integraria um
pacote de submarinos e helicópteros, num processo diplomático de
aproximação entre Brasil e França.
Mas nunca foi vendido para nenhum outro país. Com seu uso apenas pelas Forças Armadas da própria França, não tem ganho de escala e o custo tanto do produto quanto
da manutenção é alto.
O F-18 Super Hornet, dos EUA, é
considerado o melhor avião, produto de um país que investe dez vezes
mais que a França e cem vezes mais
que a Suécia em equipamentos de
defesa. Mas é também tido como o
pior pacote: por mais que o governo
norte-americano e a Boeing se esgoelem prometendo transferência
de tecnologia, não há viv'alma em
Brasília que acredite.
No caso do Gripen NG, sueco,
ocorre o oposto: é apontado por setores militares e empresariais (inclusive a maior interessada, a Embraer) como o melhor pacote, com
bom preço e transferência direta de
tecnologia pelo sistema "aprender
fazendo", de parcerias diretas desde o projeto. Mas ele causa desconfianças como produto, pois não saiu
do papel, é monomotor e tem partes inclusive dos EUA.
A FAB fez uma avaliação rigorosa
e detalhada, mas técnica. A decisão
é de Lula, política. Ele deve ensaiar
bem, não só para evitar falar besteira, como para justificar a opção como melhor para o Brasil e os brasileiros. "Porque eu quero" não vale.
elianec@uol.com.br
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