São Paulo, quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

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MELCHIADES FILHO

Muito agradecida

BRASÍLIA - É cedo para fazer um prognóstico do time de ministros de Dilma Rousseff. O sucesso do primeiro escalão depende dos planos da Presidência, e, por ora, pouco ou nada se sabe deles. Já dá, no entanto, para arriscar uma leitura política da montagem do governo. Maldosa ou não, Dilma asfixiou os principais aliados eleitorais, PMDB e PSB, e optou pelo próprio partido.
O PT emplacou:
* Todo o núcleo-duro político do Planalto (Casa Civil, Secretaria-Geral e Relações Institucionais);
* O comando da área econômica, com Fazenda e Planejamento;
* Os ministérios "cartões de visita", que concentram programas de muito apelo popular -Educação, Saúde e Desenvolvimento Social;
* O controle hierárquico sobre os órgãos "policiais" (PF e Receita);
* Secretários-executivos de confiança em pastas sob direção de outras siglas, como Minas e Energia;
* O maior volume de recursos sobre os quais os ministros terão poder de decisão em 2011 -R$ 56 bilhões, 34% a mais que em 2010.
Já o PMDB, que no governo Lula dispunha de fatia equivalente à do PT, perderá 35% de verbas. O PT tomou-lhe a Saúde e as Comunicações, repartições de importância política e orçamentária. Deu em troca a Previdência e o Turismo. Ai.
Ao PSB Dilma reservou o mesmo tratamento de PR, PDT, PC do B e até de uma legenda que nem integrou a chapa dela na eleição, o PP: todos ficarão com o número de ministérios que tinham sob Lula.
Além disso, os ministros extra-PT são discretos ou desconhecidos -a exceção é o peemedebista Nelson Jobim (Defesa). A tropa petista, por sua vez, traz vários nomes com trânsito na imprensa: Antonio Palocci, Zé Eduardo Cardozo, Fernando Haddad, Aloizio Mercadante...
A presidente "gestora", como se vê, fez, na largada, uma aposta política. O senão é que a equação não fecha. Privilegiar o PT num Congresso com 22 partidos? Talvez a reforma política venha pra valer.

melchiades.filho@grupofolha.com.br


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