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Seis meses no ar
Gestão de Nelson Jobim para crise aérea produziu muitas idéias e poucas soluções; novo recuo agora afeta Congonhas
O GOVERNO federal nem
esperou a passagem do
Carnaval, como prometera, para dar por
superada a crise nos aeroportos.
"Reassumimos o controle", assevera Nelson Jobim, ministro da
Defesa, ao qual se subordina a
aviação civil. É a sua maneira de
justificar o que todos entendem
como um recuo nas normas de
operação de Congonhas, epicentro do caos que marcou 2007.
Jobim já havia prometido de
tudo um pouco para debelar a
crise, depois de assumir a Defesa
aos brados de "aja ou saia", seis
meses atrás. Uma das primeiras
ações foi determinar a proibição
de vôos com duração superior a
duas horas a partir do sobrecarregado aeroporto paulistano.
A providência suprimiu 11 destinos do painel de Congonhas.
Um mês depois, o critério foi alterado para vôos acima de 1.000
km. Mais dois meses e outros
500 km foram adicionados, sem
que se atinasse com a razão técnica para tanta turbulência.
Pois agora a Defesa engatou de
vez a marcha à ré. Estão liberadas depois de 16 de março as conexões e escalas em Congonhas,
que também haviam sido suspensas. "Naquele momento, a
mudança se justificava", explica-se Jobim; "havia um caos e uma
falta de ligação entre os órgãos."
Em agosto, porém, a conversa
era outra. "Congonhas não é e
não voltará a ser, em hipótese alguma, ponto de distribuição", assegurava o ministro.
A Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero, controlada pela Defesa)
avalia que a aviação civil passou
pelo teste do final de ano. Divulgou vários comunicados sobre
"calmaria" e "tranqüilidade" nos
aeroportos. Estatísticas da Agência Nacional de Aviação Civil
(Anac) não corroboram a visão
rósea: 43% dos vôos chegaram
atrasados, no mês passado, contra 36% em dezembro de 2006.
A incongruência talvez se explique por uma diferença nos critérios. A Anac segue o padrão internacional de computar índices
de pontualidade com base em
atrasos superiores a 15 minutos.
A Infraero hoje divulga diariamente só atrasos acima de 60 minutos, mas já teve padrão menos
generoso. Antes anunciava também atrasos de 15 e 30 minutos,
regra alterada em novembro de
2006, sob o impacto da queda do
Boeing da Gol e das paralisações
de controladores de vôo.
De lá para cá, em especial após
o desastre do Airbus da TAM em
Congonhas, muita coisa se aventou e prometeu. A terceira pista
no aeroporto de Guarulhos foi
agora arquivada, em favor da ampliação de pátios e terminais. Indefinido prossegue o terceiro aeroporto de São Paulo, cuja localização Lula prometeu para outubro do ano passado: haveria quatro ou cinco áreas em estudo, só
que o projeto terminou adiado
para julho -de 2009.
Nada há de errado com avaliar
e em seguida descartar soluções
possíveis para o intricado nó da
infra-estrutura aeroportuária. É
da natureza do debate público.
Descabido é tonitruar uma panacéia após a outra e então descartá-las, como balões de ensaio.
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