|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
O GOL QUE FALTA
Apenas 12 anos, entre a primeira e a
terceira vitória nos torneios mundiais de futebol, bastaram para que o
Brasil ficasse conhecido, a partir de
1970, como o ``país do futebol''.
Mas o glorioso título camuflava
muitas mazelas do cotidiano desse
esporte no país: jogadores que meteoricamente atingiam a fama e
caíam no ostracismo; dirigentes que
faziam dos clubes a extensão dos negócios privados; corrupção envolvendo as arbitragens e absoluta falta
de transparência no controle das rendas obtidas nos campeonatos, para
citar apenas algumas das doenças
crônicas então verificadas.
O caderno ``País do Futebol'', que a
Folha publica hoje, indica que, apesar da profissionalização por que
passou esse esporte no Brasil nos últimos anos, nele se observam dois
universos muito distantes. De um lado, alguns clubes que sobrevivem
com o patrocínio de grandes empresas e assim mantêm vultosos contratos com uma elite de jogadores. De
outro, uma maioria de agremiações e
atletas que a duras penas tenta sobreviver na disputa dos campeonatos regionais e nacionais.
Sinal evidente de que ainda há muito a fazer para que o futebol brasileiro justifique a reputação obtida há 27
anos. Também para o mundo do esporte bretão, a palavra de ordem hoje
é modernização. E esse caminho os
europeus vêm trilhando com maior
sucesso, justamente desde a derrota
na Copa do Mundo de 70.
Há muitos desafios: conquistar
transparência no controle das rendas
obtidas nas bilheterias, nos contratos com televisão e na venda de jogadores para que o esporte gere recursos para seu custeio; combate ao coronelismo, que nos clubes e federações tem servido de trampolim para a
política; revitalização gerencial dos
clubes; formulação de calendários de
competição exequíveis, que não desgastem os jogadores nem a imagem
do esporte junto à população.
É fundamental valorizar o papel estratégico do futebol brasileiro, até
mesmo como atividade econômica.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|