|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO DE BARROS E SILVA
DEM no pasto
SÃO PAULO - José Roberto Arruda pulou o Carnaval no xilindró.
Gilberto Kassab se vê às voltas com
a Justiça Eleitoral, que ameaça cassar seu mandato. Eram essas as estrelas do Democratas, em quem o
partido até ontem depositava esperanças de renovação política.
As situações do governador preso
e do prefeito em apuros são distintas. Kassab deve ficar no cargo. Mas
ambas as crises, embora diversas,
são sintomas do esfarelamento da
legenda que pretendeu encampar
valores de uma nova direita no país.
Antes mesmo de se tornar Democratas, em 2007, o PFL já buscava
transitar da representação oligárquica e patriarcal, que marcou sua
identidade histórica, para um conservadorismo de perfil mais moderno, capaz de disputar o poder nos
centros urbanos da região Sudeste.
Imaginava-se um partido que pudesse galvanizar as camadas médias
da sociedade contra os impostos excessivos ou a presença ostensiva do
Estado na economia. Um partido
francamente a favor da iniciativa
privada, que viesse unir a defesa da
ética e a primazia do indivíduo em
torno de uma política liberal.
O papel aceita tudo. A realidade é
que atrapalha. Kassab já era "Taxab" antes que as chuvas de verão
transformassem São Paulo na Veneza do fim do mundo. E Arruda virou assunto para a polícia e os humoristas -nada mais.
No final dos anos 90, o antigo
PFL tinha seis governadores e mais
de cem deputados -quase o dobro
do que o DEM reúne hoje. A geração júnior de Rodrigo Maia e ACM
Neto parece nascer mais velha que
seus antepassados. Os coxinhas da
Câmara exibem o olhar triste e o
semblante sempre alarmado.
O DEM, que imaginava migrar
dos grotões do Nordeste para o Sudeste, ainda tem seu destino atrelado ao pasto. Sua fronteira é o Centro-Oeste, onde de fato vocaliza os
interesses do agrobusiness. Kátia
Abreu, a senadora do Tocantins, é a
valente do Democratas. A dama do
cerrado é o que resta como força viva de uma legenda que luta para sobreviver como satélite do tucanato.
Texto Anterior: Editoriais: Receita politizada
Próximo Texto: Brasília - Eliane Cantanhêde: Dilma redesenhada Índice
|