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Editoriais
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Vestibular nacional
O MINISTRO da Educação,
Fernando Haddad, pôs na
praça uma ideia sobre
vestibulares federais -sua unificação- que poderá conduzir a
mudança profunda nos processos seletivos para ingresso nas
universidades nacionais.
O vestibular representa uma
típica anomalia acadêmica brasileira, que muito tem contribuído
para deformar o ensino médio.
Escolas secundárias sucumbem
ao imperativo de treinar alunos
para passar no exame, com ênfase em técnicas de memorização.
Descuidam, assim, de transmitir-lhes o conhecimento necessário para viver e sobreviver no
mundo contemporâneo, da esfera da cultura à do trabalho.
Qualquer iniciativa para subverter esse estado de coisas deve
ser saudada e escrutinada com
lupa, mesmo no estado embrionário em que foi apresentada a
reitores das federais.
Candidatos às 227 mil vagas
oferecidas anualmente pelas
universidades do MEC, hoje, não
têm como concorrer em mais de
uma federal, pois os exames se
realizam na mesma época. O
conceito posto em discussão é
que passem a concorrer simultaneamente em todas as unidades,
sem sair de sua região.
O novo exame teria duas fases,
como já praticam muitas instituições de ensino superior. Em
lugar dos habituais testes de
múltipla escolha, porém, a primeira seleção seria baseada de
maneira exclusiva no Enem.
O que está deflagrando debate
entre reitores e educadores é a
segunda fase. Não há sombra de
consenso ainda quanto a fazer
uma só prova, com as mesmas
questões dissertativas.
Alguns dirigentes das federais
prefeririam manter controle direto sobre a etapa final da seleção, em nome da autonomia universitária, um princípio que não
deveria ser atropelado. Há quem
advogue usar só o Enem e parar
por aí. Um terceiro grupo aceita a
prova nacional, mas sem adesão
obrigatória por todas as universidades federais.
Segundo o Ministério da Educação, há, contudo, concordância
geral com o princípio da competição nacional pelas vagas de cada unidade. Se implantada, aumentaria de forma substancial a
mobilidade de estudantes pelo
país, contribuindo para que cada
universidade federal tenha a
chance de preencher suas vagas
com os melhores candidatos.
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