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"NORMALIDADE"
O desemprego na grande São
Paulo voltou a subir de fevereiro para março. Segundo pesquisa
feita pelo Seade e pelo Dieese, os
sem-emprego chegaram a 20,6% da
população economicamente ativa. É
um nível recorde, registrado em apenas três outras oportunidades pela
pesquisa (que começou a ser realizada em 1985), e o mais alto já verificado num mês de março.
Para piorar, a alta da taxa de desemprego não resultou de um aumento
do número de pessoas à procura de
trabalho, como às vezes ocorre nos
momentos iniciais de uma reativação da economia. Nessas conjunturas, é comum que voltem ao mercado de trabalho aqueles que haviam,
por desalento, deixado de procurar
uma vaga. A pesquisa apurou, porém, que 20 mil pessoas desistiram
de buscar trabalho, enquanto outras
94 mil perderam seus empregos. Outro aspecto negativo foi a constatação de que caiu o poder de compra
médio dos que estão em atividade.
Esses resultados reúnem evidências de que a propalada retomada
continua se revelando insuficiente
para estimular uma reação nítida do
mercado de trabalho, o que suscita
dúvidas a respeito de seu fôlego.
Se há sinais de melhoria nas regiões mais beneficiadas pelo dinamismo das exportações do agronegócio, nas grandes cidades a evolução continua adversa. Isso fica claro
ao se observar que, nas outras cinco
regiões metropolitanas onde se realizam pesquisas com metodologia
equivalente à do Seade e do Dieese,
os resultados têm sido similares aos
verificados na grande São Paulo .
Essas constatações contrastam
com a tranqüilidade em relação ao
ritmo de reativação da economia e do
mercado de trabalho demonstrada
pelo Banco Central. De acordo com a
ata da reunião de abril do Comitê de
Política Monetária (Copom), divulgada ontem, o ambiente macroeconômico estaria a se "normalizar", o
que justificaria a redução do ritmo de
redução da taxa de juros. Convenha-se que é difícil considerar normal o
atual nível de desemprego urbano.
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