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A BONANÇA E OS RISCOS
O relatório "Perspectiva da
Economia Mundial", do FMI,
projeta crescimento de 4,9% para a
economia global em 2006. A confirmar-se, consolidará quatro anos
consecutivos de taxas superiores a
4%, a melhor trajetória da economia
mundial nos últimos 35 anos.
Estados Unidos, China e Japão devem se manter como os principais
"motores" em 2006. O conjunto dos
países desenvolvidos pode se expandir em torno de 3%, e os países em
desenvolvimento, 6,9%. O ritmo de
crescimento global tende a continuar
beneficiando emergentes, como o
Brasil -que, infelizmente, tem
aproveitado mal essa onda favorável
para crescer com mais vigor- e suas
exportações de "commodities" minerais, agrícolas e petróleo.
Esse ambiente de crescimento econômico, com baixas taxas de inflação e de juros, possibilitou a redução
do estoque de dívidas e a ampliação
dos ativos financeiros das grandes
empresas. As corporações do G7
(EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá) detêm
US$ 1,3 trilhão em caixa. Esse total
equivale a mais de duas vezes o superávit em conta corrente de todas as
economias em desenvolvimento.
A combinação entre liqüidez no setor corporativo nas economias centrais e os superávits em conta corrente dos mercados emergentes pode levar a um novo ciclo de investimentos. A capacidade ociosa global estaria chegando ao limite.
Para o Fundo, no entanto, essa nova fase de gastos pode ser acompanhada de um aumento das pressões
inflacionárias e de uma perspectiva
de juros ascendentes. O persistente
dinamismo global já influencia tanto
os preços do petróleo como os das
"commodities", podendo desencadear espasmos inflacionários.
Ainda assim, não estão no horizonte processos abruptos de aumento de juros. A última reunião do banco central americano sugeriu o fim
do ciclo de altas na taxa básica. A expectativa é a de que os juros de curto
prazo atinjam 5% ao ano na próxima
reunião do Fed e, depois, parem de
subir. A permanecerem baixas as taxas de juros nos principais mercados, seriam mantidos o bom ritmo
de crescimento global e os fluxos de
capital aos emergentes. O FMI também está otimista sobre 2007, projetando expansão mundial de 4,7%.
Entre os principais riscos a pesar
contra as expectativas otimistas, persistem a supervalorização dos imóveis nos EUA e na Europa, os desequilíbrios entre a conta externa americana e as dos países asiáticos, a elevação no preço do petróleo e a alta
nas taxas de juros de longo prazo.
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