São Paulo, domingo, 23 de abril de 2006

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A BONANÇA E OS RISCOS

O relatório "Perspectiva da Economia Mundial", do FMI, projeta crescimento de 4,9% para a economia global em 2006. A confirmar-se, consolidará quatro anos consecutivos de taxas superiores a 4%, a melhor trajetória da economia mundial nos últimos 35 anos.
Estados Unidos, China e Japão devem se manter como os principais "motores" em 2006. O conjunto dos países desenvolvidos pode se expandir em torno de 3%, e os países em desenvolvimento, 6,9%. O ritmo de crescimento global tende a continuar beneficiando emergentes, como o Brasil -que, infelizmente, tem aproveitado mal essa onda favorável para crescer com mais vigor- e suas exportações de "commodities" minerais, agrícolas e petróleo.
Esse ambiente de crescimento econômico, com baixas taxas de inflação e de juros, possibilitou a redução do estoque de dívidas e a ampliação dos ativos financeiros das grandes empresas. As corporações do G7 (EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá) detêm US$ 1,3 trilhão em caixa. Esse total equivale a mais de duas vezes o superávit em conta corrente de todas as economias em desenvolvimento.
A combinação entre liqüidez no setor corporativo nas economias centrais e os superávits em conta corrente dos mercados emergentes pode levar a um novo ciclo de investimentos. A capacidade ociosa global estaria chegando ao limite.
Para o Fundo, no entanto, essa nova fase de gastos pode ser acompanhada de um aumento das pressões inflacionárias e de uma perspectiva de juros ascendentes. O persistente dinamismo global já influencia tanto os preços do petróleo como os das "commodities", podendo desencadear espasmos inflacionários.
Ainda assim, não estão no horizonte processos abruptos de aumento de juros. A última reunião do banco central americano sugeriu o fim do ciclo de altas na taxa básica. A expectativa é a de que os juros de curto prazo atinjam 5% ao ano na próxima reunião do Fed e, depois, parem de subir. A permanecerem baixas as taxas de juros nos principais mercados, seriam mantidos o bom ritmo de crescimento global e os fluxos de capital aos emergentes. O FMI também está otimista sobre 2007, projetando expansão mundial de 4,7%.
Entre os principais riscos a pesar contra as expectativas otimistas, persistem a supervalorização dos imóveis nos EUA e na Europa, os desequilíbrios entre a conta externa americana e as dos países asiáticos, a elevação no preço do petróleo e a alta nas taxas de juros de longo prazo.


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