São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 2003 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TENDÊNCIAS/DEBATES Os filhos do Brasil
ODED GRAJEW
O governo Lula propõe um conjunto de iniciativas que, pela primeira vez em nosso país, universalizam o primeiro emprego. Estão contempladas as mais diferentes modalidades de inserção do jovem, seja por meio da qualificação profissional na aprendizagem ( jovens de 16 a 18 anos) e estágio (16 a 24 anos); seja através do protagonismo e empreendedorismo com a participação em trabalhos comunitários e serviço civil voluntário; seja por meio do primeiro emprego formal . O Programa Primeiro Emprego está voltado a todo tipo de empregador, público ou privado, pequeno ou grande, urbano ou rural. Aposta na consciência crescente do empresariado para a responsabilidade social, mas também cria mecanismos de incentivo à criação de novos postos de trabalho. Busca formalizar novos empregos na atividade produtiva e incentiva o trabalho comunitário e o empreendedorismo. Busca aperfeiçoar a legislação e cria mecanismos de debate e participação de toda a sociedade na construção dessas políticas. Neste momento, em que o governo federal apresenta à sociedade o Programa Primeiro Emprego, os empresários brasileiros têm a oportunidade de se engajarem definitivamente na mudança de paradigma com relação ao emprego jovem. Repensar a lógica tradicional do mercado, que elimina postos de trabalho, precariza e substitui mão-de-obra e desemprega. Quantos jovens e por quanto tempo a sua empresa, o seu negócio podem contratar, podem adotar para trabalhar na produção ou em programas sociais, sem risco econômico ou financeiro? O que dá para fazer já? Atendendo ao chamado do presidente Lula, dezenas de empresas públicas, privadas e entidades empresariais estão se engajando. Criando novos postos de trabalho em suas diferentes sedes, apoiando empregos para jovens em atividades comunitárias e em ONGs, educando e empregando aprendizes e cumprindo exemplarmente a lei 10.097, convocando fornecedores e clientes a se engajarem, criando mecanismos de incentivo entre as próprias empresas, mobilizando e sensibilizando seus associados. Sabemos, cada vez mais, que não poderemos construir ilhas de prosperidade cercadas de pobreza. O resultado será uma sociedade cada vez mais esgarçada e violenta. O futuro do país depende de nossas ações no presente. A nossa qualidade de vida e a dos nossos filhos será decidida pelas prioridades que estabelecermos no presente. Precisamos agir rapidamente para que nossos filhos não nos apontem o dedo, dizendo: "Por que vocês não deixaram um país melhor para nós? Por que vocês não agiram enquanto havia tempo? Por que vocês não perceberam que cuidar das crianças e dos jovens brasileiros deve ser a maior prioridade de qualquer povo?". Vários leitores deste artigo sabem que chegaram aonde chegaram porque seus pais fizeram muitos sacrifícios a fim de que tivessem saúde e boa educação para assegurar seu futuro. Inquestionavelmente, eram a prioridade absoluta nas atenções e no orçamento familiares. Precisamos olhar os jovens brasileiros como se fossem nossos filhos, filhos do nosso Brasil. Oded Grajew, 59, idealizador do Fórum Social Mundial e presidente licenciado do Instituto Ethos, é assessor especial do presidente da República. Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Paulo Pereira da Silva: Por um novo trabalhismo Índice |
|