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SERGIO COSTA
Debaixo do tapete
RIO DE JANEIRO - A história da
recuperação de dez fuzis enferrujados, apresentados sobre um pano
no chão da sede do Comando Militar do Leste, insiste em sair debaixo
do tapete para onde foi varrida pelo
Exército depois da noite daquele 14
de março.
Os militares optaram por não investigar as circunstâncias em que as
armas roubadas de um quartel "reapareceram" nas proximidades da
favela da Rocinha. Bateram numa
tecla só: "As Forças Armadas não
negociam com criminosos". Mesmo diante de todas as evidências relatadas pela Folha à época, de que
houve um acordo, preferiram abafar o caso.
Em junho, um coquetel num batalhão provocou dores de cabeça no
general Rui Monarca da Silveira.
Justamente o comandante da operação militar que cercou mais de
dez favelas do Rio em março. Um
dos assuntos nas rodinhas da festa
era o da participação de militares
numa negociação com o traficante
Robson Caveirinha, na prisão em
Bangu, para a devolução dos fuzis.
Alguém andou falando demais.
General não gostou do burburinho e mandou investigar os envolvidos. Escutas telefônicas gravaram conversas da apuração ordenada pelo militar e entre colegas que
sabiam de tudo. Nas da investigação, muita dissimulação. Nos telefonemas entre amigos, tudo cifrado, cheio de códigos. Podem servir
como ponto de partida para uma
investigação mais profunda.
No fim das contas, esse enredo é
simples: quem faz o trabalho sujo e
é descoberto acaba sozinho. Isso
vale para a CIA, para policiais, militares, governos e políticos. Neste
caso não é diferente. Trata-se de
uma história com começo (o roubo
das armas), meio (a negociação) e
fim (a recuperação). Tal e qual no
cinema. Só está faltando o epílogo,
aquele que mostra o destino dos
principais personagens da trama.
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