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RUY CASTRO
Dinheiro voando
RIO DE JANEIRO - Acabo de receber um intrigante e-mail. De algum ponto do ciberespaço, um homem que se assina Patrick -sem
sobrenome- me escreve em inglês
oferecendo-me sociedade num negócio que não diz qual é, mas para o
qual afirma dispor de "US$ 20 milhões", de que planeja investir "uma
parte" numa "economia estável" e
visando "grandes lucros a longo
prazo".
Oba! Não é todo dia que cai do céu
um anjo com a carteira cheia de dinheiro e disposto a contribuir para
a nossa redenção financeira. "Dependendo de chegarmos a um acordo sobre certos termos, espero poder confiar ao senhor o montante
acima", diz Patrick, enigmático. É
uma reticência natural -afinal, e
apesar de tudo, US$ 20 milhões são
US$ 20 milhões, ou quase isso.
"Quero deixar claro que esta não
é uma proposta humanitária, mas
estritamente comercial, já que há
muito dinheiro à vista para todas as
partes envolvidas", ele continua.
Epa! Quer dizer que há outras partes envolvidas? É o que parece -e
só agora vejo, decepcionado, que o
e-mail não me foi nominalmente
dirigido, mas a um "Estimado amigo". Ou seja, o gajo talvez nem saiba
meu nome.
E se for uma daquelas pegadinhas
da internet, em que você se deixa
seduzir pela mensagem, clica em algum link para abri-la e, ao fazer isto,
expõe seus dados bancários, senhas
secretas, cartões de crédito, diário
íntimo e até a agenda com os telefones das namoradas? Sim, só pode
ser isso -a internet está cheia de
pessoas cruéis e mal intencionadas.
Mas, nesse caso, não tenho que
clicar em nada. Donde como ele poderia me pegar? "Por favor, não leve
a mal nenhum aspecto desta oferta", adverte. "Se conhecer uma boa
aplicação para a dita quantia, é só
me responder". Hmmm... O que tenho a perder? Acho que vou morder
a isca.
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