São Paulo, sexta-feira, 23 de setembro de 2011

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Editoriais

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Cidade quase limpa

Anúncios em pontos de ônibus e relógios de rua espalhados pela cidade já estavam previstos na Lei Cidade Limpa. Logo, não há por que falar em desvirtuamento da norma que restringiu de forma radical -excessivamente radical- a propaganda em São Paulo.
Cinco anos depois da implementação da Cidade Limpa, é inegável que houve melhoria no panorama visual paulistano, embora persistam muitos outros problemas, como a fiação pendurada em postes e a precária limpeza urbana.
É evidente que a futura licitação para a propaganda em pontos de ônibus e relógios -mobiliário urbano- precisa estabelecer regras que beneficiem São Paulo, e não apenas os anunciantes.
A nova lei criará até 24 mil pontos de publicidade nas ruas da capital -serão 23 mil paradas de ônibus (atualmente há 7.000) e mil relógios digitais (300 existentes). Já seria uma enormidade sob qualquer aspecto. No cenário atual, extremamente restritivo a esse tipo de anúncio, trata-se de um negócio ainda mais interessante para as empresas. A estimativa inicial girava em torno de R$ 2 bilhões.
À Prefeitura de São Paulo também interessa a parceria, pois a conservação desses pontos deve ficar a cargo das empresas que vencerem a licitação, o que livra o poder público de um custo relevante. O índice de depredação de paradas de coletivos é de 15% ao ano.
É natural que os anunciantes concentrem suas energias em pontos de maior visibilidade e lucratividade. Cabe ao poder público, no entanto, zelar para que o mobiliário em zonas de menor atratividade também seja contemplado com manutenção adequada.
Preocupa, igualmente, o intervalo até que a lei entre em vigor e a licitação seja concluída. A troca dos equipamentos, gradual, deve se completar apenas em meados de 2014, na melhor hipótese. O risco é o de um abandono do já depauperado mobiliário urbano até lá.
Por fim, deve-se assegurar a fiscalização para que a propaganda fique dentro dos limites estipulados pela futura lei, de até 4 m˛ nos pontos de ônibus e 2 m˛ nos relógios. A cidade costuma sabotar regras destinadas a organizar minimamente a vida na metrópole.


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