|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Falta investimento
PERSISTE a extraordinária
melhora das contas externas brasileiras. Entre janeiro e setembro, o superávit em
transações correntes, que inclui
todas as operações do país com o
exterior, alcançou US$ 10,1 bilhões. Esse resultado está associado ao desempenho das exportações, impulsionadas pelo comércio internacional e pelos
preços das commodities.
Esses dados favoráveis, contudo, mascaram problemas que
podem se explicitar mais à frente. No mesmo período, o investimento direto líquido, que considera a entrada menos a saída de
investimento de brasileiros para
o exterior, somou apenas US$ 4
bilhões, contra US$ 9,3 bilhões
em 2005. A economia brasileira
deixa de atrair investimentos e
induz as corporações nacionais a
procurar novos mercados.
Esse é o dado mais preocupante. Segundo a Unctad, agência da
ONU, o real valorizado e o baixo
crescimento da economia deixaram o Brasil fora da onda mundial de expansão do investimento estrangeiro direto (IED) de
2005. Enquanto o fluxo global de
IED cresceu 29%, para US$ 916
bilhões, a fatia destinada ao Brasil caiu 17%, para US$ 15 bilhões.
Esses movimentos sinalizam
alterações nas estratégias de
produção das corporações. Já se
observa uma forte substituição
de bens de consumo duráveis nacionais por importados. O consumo interno tem crescido 4%
ao ano, mas o PIB se expande em
torno de 3% ao ano. Assim, a produção e o emprego estão "extravasando" para o exterior.
A redução da restrição externa
da economia brasileira permite a
reprodução desse modelo por
mais algum tempo, mas os custos
vão aparecer. Infelizmente, a
melhora das condições de financiamento externo da economia
brasileira não está sendo utilizada para a construção da sustentabilidade do crescimento da
produção e do emprego.
Texto Anterior: Editoriais: Ataque à publicidade Próximo Texto: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: Lula entre Collor e Sarney Índice
|