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FERNANDO RODRIGUES
A aflição de Lula
BRASÍLIA - Domingo que vem será
escolhido o sucessor ou a sucessora
de Lula. Dilma Rousseff (PT) entra
como favorita nesta reta final. José
Serra (PSDB) é o azarão. Na pesquisa Datafolha do dia 21, a petista tem
uma vantagem de 12 pontos sobre o
tucano.
Como esta disputa tem sido marcada por erros estratégicos dos dois
lados, é temerário usar os dados da
pesquisa para projetar de maneira
peremptória o resultado da eleição.
Além de todos os fatores imponderáveis conhecidos -a abstenção
por causa do feriado prolongado,
por exemplo-, há também a vaidade e soberba descontroladas dos
petistas, a começar pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
Passadas algumas semanas, ficou claro que Dilma perdeu a chance de vencer no primeiro turno em
parte por causa da excessiva confiança de Lula e do comando do PT.
O Datafolha apontava vestígios de
desgaste da petista no início da segunda quinzena de setembro. Os
dilmistas preferiram entrar no modo "autoengano". Nada fizeram.
Por esperteza ou incapacidade
de entender a conjuntura (ou as
duas coisas), Lula no final da campanha no primeiro turno aparecia
em palanques berrando sua litania
contra a oposição, sugerindo exterminar partidos adversários.
Agora, o momento é outro. Não
há indicações de que Dilma Rousseff esteja sofrendo erosão de votos.
Mas já existem sinais do retorno da
empáfia lulista. Basta assistir à cena nesta semana em que o presidente acusa Serra de ter produzido
uma "farsa" no tumulto ocorrido
no Rio na quarta-feira.
Ao reclamar da reação do tucano, desferindo ataques e acusando
sem provas, Lula não surpreendeu
por jogar no lixo outra vez o decoro
do cargo. Essa é a praxe dos últimos
oito anos. O marcante no momento
é a aflição incontida do presidente.
Comporta-se quase como no primeiro turno, quando ele mais atrapalhou do que ajudou sua candidata no processo eleitoral.
fernando.rodrigues@grupofolha.com.br
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