São Paulo, sábado, 23 de outubro de 2010

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FERNANDO RODRIGUES

A aflição de Lula

BRASÍLIA - Domingo que vem será escolhido o sucessor ou a sucessora de Lula. Dilma Rousseff (PT) entra como favorita nesta reta final. José Serra (PSDB) é o azarão. Na pesquisa Datafolha do dia 21, a petista tem uma vantagem de 12 pontos sobre o tucano.
Como esta disputa tem sido marcada por erros estratégicos dos dois lados, é temerário usar os dados da pesquisa para projetar de maneira peremptória o resultado da eleição.
Além de todos os fatores imponderáveis conhecidos -a abstenção por causa do feriado prolongado, por exemplo-, há também a vaidade e soberba descontroladas dos petistas, a começar pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Passadas algumas semanas, ficou claro que Dilma perdeu a chance de vencer no primeiro turno em parte por causa da excessiva confiança de Lula e do comando do PT. O Datafolha apontava vestígios de desgaste da petista no início da segunda quinzena de setembro. Os dilmistas preferiram entrar no modo "autoengano". Nada fizeram.
Por esperteza ou incapacidade de entender a conjuntura (ou as duas coisas), Lula no final da campanha no primeiro turno aparecia em palanques berrando sua litania contra a oposição, sugerindo exterminar partidos adversários.
Agora, o momento é outro. Não há indicações de que Dilma Rousseff esteja sofrendo erosão de votos. Mas já existem sinais do retorno da empáfia lulista. Basta assistir à cena nesta semana em que o presidente acusa Serra de ter produzido uma "farsa" no tumulto ocorrido no Rio na quarta-feira.
Ao reclamar da reação do tucano, desferindo ataques e acusando sem provas, Lula não surpreendeu por jogar no lixo outra vez o decoro do cargo. Essa é a praxe dos últimos oito anos. O marcante no momento é a aflição incontida do presidente. Comporta-se quase como no primeiro turno, quando ele mais atrapalhou do que ajudou sua candidata no processo eleitoral.

fernando.rodrigues@grupofolha.com.br


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