São Paulo, domingo, 23 de outubro de 2011

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JOSUÉ GOMES DA SILVA

Prever para salvar vidas

Com as primeiras chuvas, voltam as preocupações relativas às enchentes: pessoas desabrigadas, mortes, casas e empresas destruídas. Tais episódios atormentam o Brasil de novembro a maio, devido à amplitude do regime pluvial em nosso imenso território e à sua diversidade climática.
É preciso enfrentar e vencer o problema pela gravidade das irreparáveis perdas humanas, emocionais e financeiras para as famílias e a sociedade e pelo prejuízo anual à economia.
Cabe destacar que as autoridades começam a se articular para a implantação de sistemas que possam prever desastres climáticos em tempo de retirar das áreas de risco as populações atingidas.
Devemos lembrar que alguns países, como o Japão, aprendem a cada evento climático e, assim, articulam defesas técnicas capazes de evitar reiteradas consequências do mesmo tipo. Afinal, determinados eventos climáticos são incontroláveis, mas é possível preparar-se de modo a mitigar seus efeitos.
Outra iniciativa que ganha importância é a articulação da sociedade civil, por meio de muitas de suas entidades, para atender melhor as vítimas.
Que, no debate político para 2012, candidatos, eleitos e reeleitos comprometam-se com soluções, já que esse drama deve-se à precariedade da infraestrutura urbana, da ocupação irregular de áreas de mananciais e encostas, da deficiência no recolhimento e manejo de resíduos sólidos, da limpeza de ruas e bueiros, da falta de educação ambiental e da frágil estrutura da Defesa Civil.
As autoridades municipais, articuladas com os Estados e com a União, acima de picuinhas partidárias, devem encarar de modo eficaz o desafio das enchentes. E que o nosso solidário povo seja mais responsável quanto aos direitos coletivos, respeitando as regras para o correto descarte de lixo e a construção dentro dos limites da legislação.
Além da educação, faz-se indispensável equacionar o abastecimento de água, o recolhimento e tratamento de esgotos, a coleta e destinação de resíduos sólidos e o adensamento populacional em áreas de risco ou inadequadas sob o aspecto ambiental.
Um país que se pretenda desenvolvido não pode continuar convivendo com a devastação provocada pelas águas. Ademais, 50,8% das nossas cidades ainda mantêm lixões a céu aberto...
A localização tropical premiou o Brasil com privilégios quanto a recursos naturais, biodiversidade, reservas hídricas, terras agricultáveis e fotossíntese de fazer inveja a muitas outras nações, fatores que transformamos em diferenciais competitivos na economia global. Mas nos deu também as chuvas abundantes. Precisamos convertê-las em benefícios ou seguir colocando a culpa em são Pedro...

JOSUÉ GOMES DA SILVA escreve aos domingos nesta coluna.


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