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CLÓVIS ROSSI
Respeito no ralo
SÃO PAULO - Quebrou neste mês
uma empresa aérea espanhola, a
Air Madrid. O que fez o governo espanhol? Pôs em operação um esquema de emergência que, em uma
semana, produziu o seguinte:
1 - Dezesseis vôos, que transportaram de volta para casa 5.400 pessoas colhidas pela quebra em diferentes países, da Romênia à América Latina.
2 - Criou um serviço telefônico
que atendeu 53 mil chamadas.
3 - Deu andamento a 7.000 reclamações contra a Air Madrid (é bom
saber que o esquema envolve também o Defensor do Povo, o ombudsman do governo, coisa que no
Brasil nem sequer existe).
4 - Só nos aeroportos de Madri e
Barcelona, atendeu 5.000 passageiros, além de criar um centro especial de atendimento no Campo das
Nações, em Madri, pelo qual passaram 152 pessoas.
Mérito do governo espanhol?
Não. Mero cumprimento da obrigação básica de todo governante de
dar atenção aos problemas dos governados, ainda que criados por
uma empresa privada, e não pelo
próprio governo.
O que faz o governo brasileiro, no
caso do caos aéreo? Tardiamente libera aviões da FAB, e mais nada. A
não ser, claro, produzir aquelas frases ocas, escandalosamente óbvias,
que são uma das marcas registradas
do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva. Disse ele: "O passageiro merece respeito".
Todo mundo merece respeito.
Mas respeito não é apenas constatar o óbvio. É agir para que o respeito se dê na prática.
O presidente chegou a antecipar
a volta da Bolívia, onde participava
de mais uma cúpula inócua, exatamente pela emergência criada pelo
caos aéreo. E daí? Nada. A emergência continua, o presidente continua reclamando de organismos
do próprio governo e o respeito ao
passageiro vai para o ralo. É bem
Brasil.
crossi@uol.com.br
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