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ENFIM, A REFORMA
A tão antecipada reforma ministerial do governo de Luiz
Inácio Lula da Silva parece seguir a
mesma lógica política que presidiu
às reformulações de gabinete de seus
antecessores. O motor da troca de titulares foi, como se sabe, a necessidade de encontrar dois postos de primeiro escalão para o PMDB em retribuição ao apoio que o partido concede ao governo no Congresso.
Lula paga os préstimos com um
ano de governo, tempo mais do que
suficiente para expor as fragilidades
de seu primeiro ministério. Não apenas o número de pastas era excessivo, tornando algumas delas apenas
ornamentais, como parte das mais
relevantes teve desempenho pífio. É
fácil atribuir o fiasco à ineficiência
-notória, diga-se- de alguns dos
titulares. É preciso observar, no entanto, que além de deficiências individuais, o governo demonstrou surpreendente despreparo técnico e político em áreas, como a social, nas
quais se esperava algo mais do PT.
Na tentativa de mitigar a sensação
de que a mudança não passa de um
acerto fisiológico, transmite-se a
idéia -desejável, mas bastante duvidosa- de que emergirá da reforma
um governo mais competente.
É dentro dessa lógica que se inscreve a completa e de fato necessária reformulação da área social. Benedita
da Silva (Assistência Social) e José
Graziano (Segurança Alimentar)
perdem seus cargos para um "superministério" sob o comando de Patrus Ananias (PT-MG), ex-prefeito de
Belo Horizonte. Além da imagem de
ineficiência dos dois depostos, deve-se notar que ambos criaram desconforto para o governo, como a viagem
de Benedita a Buenos Aires e às declarações infelizes de Graziano sobre
os nordestinos.
Outros ministros "incômodos"
também perderam seus cargos. É o
caso de Roberto Amaral (Ciência e
Tecnologia), que foi repudiado por
ampla parcela da comunidade científica, e de Cristovam Buarque (Educação), que mais parecia um folclórico
ministro "de oposição", sempre reclamando das verbas destinadas à
sua pasta.
É possível que a reforma confira
mais eficiência ao governo, o que seria útil. Não convém, contudo, apostar mais alto nessa possibilidade.
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