São Paulo, segunda-feira, 24 de janeiro de 2011 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Novos desafios para o CNPq CARLOS ALBERTO ARAGÃO DE CARVALHO FILHO e GLAUCIUS OLIVA
No Brasil, a construção de uma infraestrutura para ciência e tecnologia é recente. Começou em 1951, com o Conselho Nacional de Pesquisas - CNPq, criado pela lei nº 1.310, de 15 de janeiro, com a missão de fomentar pesquisas e a formação de pesquisadores; ainda em 1951, veio a criação da Capes; em 1962, a da Fapesp; em 1967, a da Finep; finalmente, em 1985, a do Ministério da Ciência e Tecnologia. Em 60 anos, os avanços são expressivos. Hoje, temos uma comunidade científica e tecnológica com 1,7 milhão de currículos na plataforma Lattes do CNPq, 135 mil deles de doutores e 237 mil de mestres, e 27 mil grupos de pesquisa no Diretório de Grupos de Pesquisa. O Brasil forma mais de 11 mil doutores por ano e produz 2,7% da ciência mundial, com liderança em várias áreas do conhecimento, como agricultura tropical, parasitologia, geofísica e engenharia associada à prospecção de petróleo e gás em águas profundas. Em 2010, o CNPq atendeu a 80 mil bolsistas; investiu R$ 1,85 bilhão em formação de recursos humanos e fomento à pesquisa; avaliou 74 mil solicitações; tem 64 mil processos vigentes e custo operacional inferior a 5% do orçamento. Foram também criadas mais 14 mil bolsas de iniciação científica, mil de produtividade em pesquisa e 4.000 de mestrado e doutorado. Há 7.000 bolsas de fomento tecnológico e um programa (RHAE) dedicado às empresas, com bolsas para incorporar pessoal qualificado em P&D. E, sem ônus para as atividades-fim, o CNPq terminou o ano com uma nova sede em Brasília. A ciência e a tecnologia e o indispensável compromisso com a inovação são hoje instrumentos de política de Estado, expressa no Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação e nos planos de desenvolvimento de várias áreas do Estado, como na Política de Desenvolvimento Produtivo, nos planos de educação e saúde, no PAC, nos desafios nacionais de sustentabilidade ambiental, econômica e social e nos programas de erradicação da miséria e de inclusão social. O cenário para a C&T do século 21 pressupõe novos paradigmas. A ciência moderna exige atenção às demandas da sociedade, abordagens multidisciplinares e inovação, pesquisa e desenvolvimento nas empresas. A pesquisa requer novos formatos, novos atores, organização institucional e deve se pautar por critérios de qualidade, impacto, relevância, sustentabilidade e internacionalização. Nesse novo contexto, cabe ao Estado brasileiro -por meio do Ministério da Ciência e Tecnologia e do CNPq em particular- modernizar a gestão de C&T, com avaliação e acompanhamento que promovam qualidade e multidisciplinaridade, e adequar o marco legal às especificidades da pesquisa, desburocratizando importações, compras e contratações, para aumentar a eficiência na aplicação dos recursos. O sistema nacional de CT&I, em cinco anos, incorporou 15 mil novos pesquisadores em novas universidades, campi e instituições de ciência e tecnologia federais e estaduais. E não há como ser a quinta economia do planeta sem educação básica de qualidade, sobretudo em matemática e em ciências, e a formação superior de cientistas e engenheiros em maior número. Para apoiar esse crescimento, o CNPq deve pelo menos dobrar seu orçamento nos próximos quatro anos, chegando a R$ 3,5 bilhões, de forma sustentável e que reflita planejamento e articulação de políticas de governo. Em 2011, o CNPq celebrará seus 60 anos com o olhar voltado para o futuro, pronto para seguir em sua missão de desenvolvimento científico e tecnológico, por um Brasil mais justo e desenvolvido. CARLOS ALBERTO ARAGÃO DE CARVALHO FILHO, 59, físico, é presidente do CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. GLAUCIUS OLIVA, 51, engenheiro eletrônico, é diretor de Engenharias, Ciências Exatas e Humanas e Sociais do CNPq. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br Texto Anterior: Ricardo Young: Ir mal Próximo Texto: Carlos Augusto Calil: A cidade e sua biblioteca Índice | Comunicar Erros |
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