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ELIANE CANTANHÊDE
O trio
BRASÍLIA - No Brasil, Lula às voltas com Waldomiros e ameaças de CPI.
Na Argentina, Kirchner driblando
uma herança, essa, sim, maldita,
uma dívida monumental e a gana do
FMI. Na Venezuela, Chávez às vésperas da decisão sobre fazer ou não o
referendo abreviando seu mandato.
E eu atrás das crises. Na semana
das CPIs, no Brasil. Na folga de Carnaval, na Argentina. A partir de
amanhã, na Venezuela. Onde, aliás,
Lula, Kirchner e Chávez devem chorar as mágoas, um no ombro do outro, na quinta e na sexta.
A reunião prevista para Caracas é
mais ampla, mas o que interessa
mesmo é o encontro exclusivo desse
trio curioso, que tanto chacoalha a
América do Sul, despertando interesse no mundo todo e certa preocupação nos EUA e em parte da Europa.
O Brasil tem sido bom conselheiro
para a Venezuela e poucas vezes foi
tão unido à Argentina, com um discurso afinado inclusive na OMC (Organização Mundial do Comércio).
Mas, em relação aos dois vizinhos, a
situação brasileira é bem melhor,
tanto política como econômica.
O limite da convivência de Lula
com Chávez e com Kirchner é crucial.
Deve ser diplomático, nem tanto ao
mar, nem tanto à terra. Amigos, sim.
Mas sem se contaminar com as sandices de Chávez nem com as incertezas de Kirchner. A crise brasileira é
pontual, com foco objetivo. O governo está firme e forte, e as instituições,
consolidadas. Já a crise da Venezuela
é crônica, e a da Argentina, aguda.
A união faz a força, é verdade. Mas
a união de fracos não necessariamente faz a força nem leva a lugar
nenhum. Na sua passagem pela Venezuela, Lula deve ser firme, mas
cauteloso. Deve lembrar que Lula é
Lula e que o Brasil é o Brasil -está
em paz e é o maior e mais importante país do continente.
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