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PLÍNIO FRAGA
O poder das mulheres
RIO DE JANEIRO - O presidente
Luiz Inácio Lula da Silva parece disposto a perder a chance de tornar
seu governo, se não mais competente, pelo menos mais divertido.
Seria salutar para a pasmaceira das
reuniões ministeriais a presença de
Dilma Rousseff e Marta Suplicy,
ombro a ombro, disputando espaço,
divergindo ou convergindo, de olho
numa eventual candidatura à Presidência em 2010.
Do que restou do PT, são dois de
seus quadros mais interessantes,
pelas qualidades e pelos defeitos.
Seguiriam uma tendência de mulheres perto de chegarem ao poder,
trilha de Hillary Clinton nos EUA e
de Ségolène Royal na França, ou já
na poder, como a chilena Michelle
Bachelet. (Faltaria um negro brasileiro na disputa para fazer par com
Barack Obama no cenário internacional -e, no governo brasileiro, só
sobra Gilberto Gil com esse perfil).
É certo que o governo reeleito em
2006 nem começou, por inapetência presidencial, e falar agora da disputa daqui a quatro anos é quase
desvario. Mas, em vez daquela fala
macarronada do Guido Mantega e
dos discursos cheios de ar do Henrique Meirelles, uma reunião com a
Dilma repreendendo a Marta, ou
com a Marta respondendo à Dilma,
traria densidade, se não à discussão,
ao menos ao ambiente.
Dilma tem 59 anos, Marta completará mês que vem 62. Mais do
que da mesma geração, têm o mesmo estilo: mulheres que construíram sua carreira com discursos incisivos, com certo grau de altivez
que se mistura à antipatia, abrindo
espaços com o cotovelo se necessário. Nenhuma crítica aqui, basta
lembrar Pelé contra o Uruguai em
70 -mesmo o craque pode ser obrigado a embicar para a vilania.
Talvez Lula tenha desistido de ter
as duas lado a lado pelo trabalho
que teria. Já contou que é Marisa
quem faz suas unhas. Juntas, Dilma
e Marta fariam barba e bigode.
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