São Paulo, quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

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ELIANE CANTANHÊDE

Piruetas

BRASÍLIA - Na Câmara, Vicentinho, do PT-SP, foi vaiado semana passada por velhos companheiros sindicalistas ao defender com fervor em seu parecer o salário mínimo, mínimo mesmo, de R$ 545.
No Senado, Paulo Paim, do PT do Rio Grande do Sul, deu igualmente uma estonteante guinada ao defender ontem o mesmo mínimo mínimo depois de um encontro com Dilma e o encantador de serpentes, sindicalista, religioso e sem-terra Gilberto Carvalho.
Romero Jucá ser vaiado, tudo bem. Afinal, ele é líder de todo governo, qualquer governo. Mas Vicentinho, que fez toda a carreira política nos sindicatos, na pressão por salário mínimos máximos? E Paulo Paim, que só tem assento no Senado por ser um político de uma nota só, o salário mínimo?
O melhor, ou pior, foi a justificativa de Paim ao sair do palácio: "Se votasse contra, marcaria posição, talvez receberia uma palma ou outra, mas o trabalhador perderia muito, os aposentados também".
O que ele quis dizer? Que há uns 15 anos ele marcava posição, recebia uma palma ou outra e dava de ombros para o que trabalhadores e aposentados perderiam com mínimos máximos? De duas, uma: a explicação de ontem foi mea-culpa ou puro oportunismo para ficar bem com a companheira no poder.
Dilma, aliás, não precisava se esfalfar tanto para ter um voto a mais, nem mesmo dois ou três do PMDB dissidente. Desde sempre, estava prevista uma vitória expressiva no Senado, como fora na Câmara. Então, a investida em Paim e nos peemedebistas não foi pela vitória e sim pela vitória massacrante. Ou pela "simbologia de certos votos", diziam os governistas ontem. Isso costuma ter preço. E alto.
PS - Patriota e Hillary acertaram ajuda mútua para retirar brasileiros e americanos da Líbia e concordaram plenamente na avaliação do que ocorre hoje e dos cenários possíveis para o país. A relação Brasil-EUA evolui a olhos vistos.

elianec@uol.com.br


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