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FERNANDO RODRIGUES
A eleição, enfim, acabou
BRASÍLIA - As cúpulas do PSDB e do PFL se encontraram anteontem para
um jantar no apartamento de FHC,
em São Paulo. A conversa desses antigos sócios marcou, na prática, o fim
do processo eleitoral de 2002.
Até agora, a onda vermelha que
elegeu Lula em 2002 continuava a
avançar sobre o terreno da oposição.
Havia encaçapado PMDB, ACM,
Sarney e outros que cortejavam FHC
no passado. Era como se a eleição
não tivesse terminado. O PT patrolava e seguia em frente.
Houve conversas secretas entre
Luiz Gushiken (ministro da Secretaria de Comunicação) e Arthur Virgílio (líder do PSDB no Senado). O próprio presidente da República namorou governadores como Aécio Neves
e Lúcio Alcântara.
Embevecidos com um sonho hegemônico, petistas tentavam montar
um governo de coalizão ampla. Queriam a quase unanimidade dos partidos políticos do país. Eram beneficiados pela calmaria política. Lula tinha a aprovação nas alturas. No
PSDB e no PFL vigorava a inapetência e o catatonismo.
O Waldogate anabolizou a oposição. A incapacidade gerencial, a inutilidade e a paralisia de certos ministérios tornaram-se evidentes. Ficou
sobrestada a possível aproximação
entre PT e setores expressivos do
PSDB. Para resumir, finalmente acabou o processo eleitoral de 2002. O
jantar na casa de FHC é um emblema dessa inflexão na atitude das
duas principais siglas anti-PT.
José Dirceu foi o primeiro a notar.
Deu uma cacetada pública em Tasso
Jereissati, o menos belicoso dos dirigentes tucanos.
O resultado dessa nova fase na macropolítica está para ser verificado.
Um fato já é visível. Nunca houve
tantos tucanos e pefelistas interessados em reunir informações sobre defeitos do governo.
Lula, do seu lado, terá a oportunidade de demonstrar sua capacidade
gerencial para governar o país. A julgar pelo que fez até agora, é arriscado
prever qual será o desfecho.
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