São Paulo, segunda-feira, 24 de abril de 2006

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ATENÇÃO AOS ALUNOS

A crise a qual atravessa o ensino superior privado não vem de hoje, mas os seus efeitos deletérios sobre os alunos se fazem sentir cada vez mais. As dificuldades financeiras vividas por diversas empresas do setor já levaram ao fechamento de cursos, a atrasos de salários e a demissões de funcionários e professores. Apenas na cidade de São Paulo, nada menos que sete dessas instituições fecharam cursos ou atrasaram pagamentos de professores.
A crise explica-se ao menos em parte por razões de mercado. O ensino privado cresceu desmesuradamente nos últimos anos. Apenas de 1998 a 2002, foram criados mais de 7.000 novos cursos no país, sendo 75% deles em instituições particulares. De 2002 a 2004, o saldo entre criação e eliminação de cursos se manteve positivo. Segundo o Censo da Educação Superior, o aumento de vagas oferecidas pelas particulares foi de 16,8%, enquanto o ingresso cresceu apenas 2%. Atualmente, quase 50% das vagas do sistema estão ociosas, embora, paradoxalmente, apenas 17% dos brasileiros que têm entre 18 e 24 anos estejam matriculados no ensino superior.
Quaisquer que sejam as causas da crise, é preciso equacionar ao menos o problema dos alunos, evitando que o tempo e o dinheiro investidos nesses cursos tenham sido despendidos em vão. Esse problema é ainda mais grave no que tange aos estudantes beneficiados pelo Programa Universidade para Todos (Prouni), projeto do governo federal que provê bolsas de estudo para alunos carentes.
É preciso assegurar o reconhecimento de parâmetros mínimos para a realocação desses estudantes. A exemplo do que se faz quando quebram os planos saúde, o sistema de ensino superior deve garantir a intercambialidade entre cursos para que alunos não percam dinheiro nem a perspectiva de seu diploma.


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