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O desgaste dos democratas
HILLARY CLINTON venceu, mas não convenceu. Apesar de ter derrotado Barack Obama nas prévias da Pensilvânia por margem de dez pontos percentuais -55% contra
45%-, é crescente a pressão de
setores do Partido Democrata e
da opinião pública para que a senadora desista da disputa.
Os números não a favorecem:
hoje conta com 1.331 delegados
contra 1.487 de Obama. Considerando-se os cartolas do partido,
chamados de superdelegados,
Hillary fica com 1.586 contra
1.719 do rival. Vence quem atingir 2.025. A diferença que a separa da indicação é de 439 delegados, contra 306 de Obama.
Para reverter o quadro, Hillary
precisaria convencer metade dos
superdelegados indecisos (308)
a abraçar sua candidatura -o
que é factível- e conquistar algo
como dois terços de todos os delegados ainda em disputa (435),
o que é muito difícil. Obama aparece na frente em vários dos Estados remanescentes.
De todo modo, Hillary tenta
capitalizar a vitória na Pensilvânia, afirmando que seu desempenho ali mostra que ela é uma candidata mais viável nos chamados
"swing States" (Estados em que
triunfam ora republicanos, ora
democratas), que serão decisivos
no pleito de 4 de novembro.
É pouco provável que esse tipo
de argumento sensibilize eleitores e superdelegados, mas é inegável que os resultados da Pensilvânia deram sobrevida à ex-primeira-dama. Mais uma vez,
os olhos dos analistas se voltam
para as próximas prévias, em Indiana e na Carolina do Norte no
próximo dia 6. Mais uma vez, é
improvável que tais prévias bastem para definir a disputa.
A indefinição preocupa cada
vez mais os caciques democratas. Enquanto Hillary e Obama
se engalfinham, numa batalha
que por diversas vezes assumiu
contornos fratricidas, o candidato republicano, John McCain,
faz campanha e coleta fundos
sem ser incomodado.
Os dirigentes democratas sentem que a demora pode estar
pondo a perder uma eleição que,
após sete anos de administração
Bush, presidente que amarga um
índice de reprovação de 69%, parecia certa. Até alguns meses
atrás, o candidato democrata,
qualquer que fosse, liderava com
folga as pesquisas para a Casa
Branca. Hoje há empate entre
McCain e Obama -ou Hillary.
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