São Paulo, quinta-feira, 24 de abril de 2008

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O desgaste dos democratas

HILLARY CLINTON venceu, mas não convenceu. Apesar de ter derrotado Barack Obama nas prévias da Pensilvânia por margem de dez pontos percentuais -55% contra 45%-, é crescente a pressão de setores do Partido Democrata e da opinião pública para que a senadora desista da disputa.
Os números não a favorecem: hoje conta com 1.331 delegados contra 1.487 de Obama. Considerando-se os cartolas do partido, chamados de superdelegados, Hillary fica com 1.586 contra 1.719 do rival. Vence quem atingir 2.025. A diferença que a separa da indicação é de 439 delegados, contra 306 de Obama.
Para reverter o quadro, Hillary precisaria convencer metade dos superdelegados indecisos (308) a abraçar sua candidatura -o que é factível- e conquistar algo como dois terços de todos os delegados ainda em disputa (435), o que é muito difícil. Obama aparece na frente em vários dos Estados remanescentes.
De todo modo, Hillary tenta capitalizar a vitória na Pensilvânia, afirmando que seu desempenho ali mostra que ela é uma candidata mais viável nos chamados "swing States" (Estados em que triunfam ora republicanos, ora democratas), que serão decisivos no pleito de 4 de novembro.
É pouco provável que esse tipo de argumento sensibilize eleitores e superdelegados, mas é inegável que os resultados da Pensilvânia deram sobrevida à ex-primeira-dama. Mais uma vez, os olhos dos analistas se voltam para as próximas prévias, em Indiana e na Carolina do Norte no próximo dia 6. Mais uma vez, é improvável que tais prévias bastem para definir a disputa.
A indefinição preocupa cada vez mais os caciques democratas. Enquanto Hillary e Obama se engalfinham, numa batalha que por diversas vezes assumiu contornos fratricidas, o candidato republicano, John McCain, faz campanha e coleta fundos sem ser incomodado.
Os dirigentes democratas sentem que a demora pode estar pondo a perder uma eleição que, após sete anos de administração Bush, presidente que amarga um índice de reprovação de 69%, parecia certa. Até alguns meses atrás, o candidato democrata, qualquer que fosse, liderava com folga as pesquisas para a Casa Branca. Hoje há empate entre McCain e Obama -ou Hillary.


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