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ELIANE CANTANHÊDE
Balança, mas não cai
BRASÍLIA - Hillary Clinton não
vai desistir, porque: 1) é uma lutadora e quer muito ser presidente
dos EUA; 2) tem reais chances de
vencer Barack Obama nas prévias
democratas; 3) mesmo derrotada,
ela terá mais força para definir o vice na chapa e o programa de governo se ficar até o fim na campanha.
A opinião é do professor Lenneal
Henderson, doutor por Berkeley e
professor de administração pública
da Universidade de Baltimore, que
participou ontem de videoconferência com jornalistas brasileiros, a
partir de Washington.
Ele disse que a diferença pró-Hillary na Pensilvânia foi maior do
que o esperado e, mais do que só garantir sobrevida à candidatura, é estimulante. E fez um raciocínio inverso ao que se tem lido e ouvido sobre a divisão democrata.
Diz a voz corrente que Hillary e
Obama, em guerra, estão cavando a
derrota democrata para John
McCain. Henderson, ao contrário,
diz que a disputa apaixonada garante exposição e atraiu milhares de
militantes para o partido. Eles tendem a ter efeito multiplicador na
eleição contra os republicanos.
Dê Hillary, dê Obama, o professor
considera que a situação do país na
época da eleição será decisiva. Se o
dólar continuar se esfarelando, a
crise financeira piorando e o Iraque
produzindo mortos a rodo, os democratas terão chances maiores. Se
a situação reverter, McCain pode
lucrar com o carimbo do continuísmo. (Cá pra nós, alguém acredita
que os EUA vão voltar ao paraíso
antes do final do ano?)
Bem... a vitória dos democratas,
segundo o professor, pode significar mais abertura com Cuba, resgate da vertente econômica e social da
OEA (Organização dos Estados
Americanos) e um relacionamento
diplomático mais estreito com a
América do Sul, independente de
regimes, digamos, esquerdizantes.
Precisa dizer que Henderson é
ferrenho democrata? Mas, mesmo
com o devido desconto, o que ele diz
faz todo o sentido.
elianec@uol.com.br
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