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A ÚLTIMA DO TALEBAN
O governo do Afeganistão determinou anteontem que as
pessoas que fazem parte de grupos
étnicos e/ou religiosos minoritários
devem marcar essa condição costurando um pedaço de tecido amarelo
à roupa. A medida, que atinge principalmente hindus, despertou protestos de vários países e organizações.
Trata-se, sem sombra de dúvida, de
uma disposição lamentável, que vem
despertando a justa indignação do
mundo civilizado. Não é preciso recuar muito na história para chegar às
estrelas amarelas que os nazistas forçaram os judeus a utilizar a partir de
1939. O resto da história é conhecido.
As declarações de autoridades afegãs, segundo as quais a marca visa a
proteger as minorias da ação da polícia religiosa, são pueris e fantasiosas.
Se a idéia é resguardar da polícia os
não-muçulmanos, bastaria que essa
mesma polícia perguntasse qual a religião da pessoa antes de agir contra
ela. A medida é racista e incompatível
com os direitos humanos.
Cerca de 90% do território do Afeganistão está sob controle do Taleban, as milícias radicais islâmicas.
Não se sabe ainda ao certo como as
novas leis vão funcionar. A notícia de
que já estão em vigor, contudo, veio
ao mundo através de uma reportagem da rádio afegã Voz da Sharia (lei
islâmica) com o comandante do Ministério da Promoção da Virtude e
Prevenção do Vício, Maulawi Abdul
Wali.
O Taleban se notabilizou pelo radicalismo além de qualquer sensatez.
Quando chegou ao poder, em 1996,
chocou o mundo ao proibir mulheres de trabalhar ou estudar. Música,
cinema e televisão foram igualmente
proscritos. Sem que ninguém saiba
bem o porquê, as pipas também são
ilegais no Afeganistão.
Mais recentemente, a milícia voltou
às manchetes dos jornais por determinar a destruição de todas as estátuas do país, incluindo duas gigantescas e antiquíssimas imagens de
Buda esculpidas na montanha.
É assustadora a capacidade do homem de não aprender nada com os
erros do passado.
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