São Paulo, sexta-feira, 24 de maio de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Voto
"Gostaria de manifestar minha discordância com o editorial "Voto Anacrônico" (Opinião, pág. A2, 22/5). Considero falacioso o argumento de que, se só três países desenvolvidos adotam o voto obrigatório, ele não serve para o Brasil. Desenvolvimento é gente comendo, educando-se, vivendo dignamente -e participando da administração pública. Piores do que a obrigatoriedade do voto são os níveis de abstenção que levaram a extrema direita ao segundo turno num país tido como desenvolvido. O resultado do voto facultativo, em vários países supostamente desenvolvidos, é um círculo vicioso, em que somente as classes média e alta, bem educadas, vão votar, elegendo governantes que só governam para elas. Esses governos elitistas tornam as massas populares ainda mais descrentes do processo eleitoral, elevando consequentemente o nível de abstenção. A Folha, em lugar de criticar o voto obrigatório, poderia usar o seu precioso espaço editorial na defesa de instrumentos que ampliariam a participação do povo na administração da "res pública", como os plebiscitos, os referendos e os projetos de lei de iniciativa popular."
Daniel Nogueira Leitão (Rio de Janeiro, RJ)

Médicos
"A reportagem "Aumentam os processos contra médicos" (Cotidiano, pág. C4, 20/5) traz dados alarmantes sobre a questão e explora bem as suas principais causas. É preciso chamar a atenção para um ponto importante. No texto "Profissional fica na mira de paciente", o sr. Laércio Santos, advogado da vítima, mostra-se indignado com o fato de não poder responsabilizar algum médico pela falha grave cometida contra sua cliente. Mas a sindicância interna já não apurou as responsabilidades? O próprio advogado entende que a irresponsabilidade tenha sido da funcionária, tanto que está processando o hospital. Mas lamenta o fato de não poder acusar um médico pelo ocorrido. Parece que a Justiça que se busca é a dos cifrões."
José Roberto Boselli Júnior (Santo Antônio da Platina, PR)

Osesp
"Em relação à reportagem "Secretaria da Cultura paga contrato sigiloso" (Ilustrada, pág. E6, 21/5), gostaríamos de manifestar o nosso apoio ao projeto Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo), uma proposta de valor cultural inestimável, conduzida pela Secretaria da Cultura do Governo do Estado de São Paulo, e enfatizar o magnífico trabalho do maestro John Neschling, regente maior dessa verdadeira revolução sinfônica em nosso país."
Ary Oswaldo Mattos Filho, presidente da Sociedade Amigos da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo -Pró-Sinfônica e Alberto Dines, Antonio Angarita, Carlos Eduardo Lins da Silva, Fernando Pacheco Jordão, Geraldo Negri Rangel, Hector Babenco, Hugo Barreto, Irene Ravache, José Antonio Maluf de Carvalho, Luis Carlos Bresser Pereira, Marcello Bronstein, Patrícia Melo, Pedro Moreira Salles, Persio Arida, Silvia Popovic e Thales Estanislau do Amaral Sobrinho (São Paulo, SP)

Queimadas
"Em resposta ao artigo "Que se cumpra a Lei das Queimadas", subscrito pelo deputado Arnaldo Jardim e publicado em 23/5 no mesmo espaço ("Tendências/ Debates') em que a Folha publicou minhas considerações sobre a Lei das Queimadas, na edição de 22/5, venho esclarecer: 1. A lei nš 10.547/00 e seu regulamento, o decreto nš 45.869/01, que disciplinam as queimadas agropastoris em nosso Estado, jamais foram questionados na Justiça e continuam em vigor; 2. Não obstante, defendi e defendo os termos do projeto de lei nš 380, que o Poder Executivo encaminhou à Assembléia Legislativa em 2001 justamente para estabelecer e aperfeiçoar um cronograma realista para a eliminação progressiva da queima; 3. Tal projeto de lei contempla a questão do desemprego, ao contrário do que argumenta o ilustre parlamentar; 4. O Executivo continua e continuará cumprindo a atual "Lei das Queimadas" e o seu regulamento, da mesma forma como busca alternativas que conciliem a colheita mecanizada, com a manutenção do emprego e com a proteção ao ambiente, atenuando-se as exigências do decreto nš 45.869/01; 5. Regular as "queimadas" não é um capricho de "burocratas do governo", mas atende aos anseios da sociedade e, apesar de meus "inúmeros afazeres", estou dedicando o melhor do meu esforço a essa causa."
José Goldemberg, secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

PT
"Diferentemente do que afirma a nota "Afinidade política", publicada na seção "Painel" de 19/5, como presidente do PT, não tive e não tenho nenhuma participação nas mudanças feitas no secretariado da cidade de São Paulo. Fui apenas informado pela prefeita Marta Suplicy. Duda Mendonça, que produziu os dois últimos programas nacionais e vários estaduais do PT, obviamente recebe informações sobre os nossos governos municipais e estaduais. Não é fato que acompanhe mais de perto a comunicação de São Paulo. No caso do Rio de Janeiro, o que acontece é que ele pode vir a fazer a campanha de Benedita da Silva."
José Dirceu, deputado federal-SP e presidente nacional do PT (São Paulo, SP)

Transportes
"Em relação ao texto "Moto, perua, camelô e lixo" (Cotidiano, pág. C2, 21/5), de Marilene Felinto, a Secretaria dos Transportes Metropolitanos, à qual o Metrô é vinculado, esclarece que expandir a rede metroviária é uma das prioridades desta gestão. Tanto que, em setembro próximo, será inaugurada a Linha 5 Lilás, que ligará o Capão Redondo ao largo Treze de Maio. Além disso, foram entregues em 1998 as extensões norte da Linha 1 Azul e oeste da Linha 2 Verde. A região leste da capital também ganhou, em maio de 2000, um trecho de 5,7 quilômetros e a implantação do Expresso Leste da CPTM, onde circulam os modernos trens espanhóis. Para os próximos cinco anos, está previsto um acréscimo de 91 quilômetros de malha metroviária, dos quais 38 quilômetros se referem a linhas novas e 53 quilômetros a linhas da CPTM, que serão transformadas em metrô de superfície. Dessa forma, o metrô passará dos atuais 49,2 quilômetros para 140,2 quilômetros de extensão. O Metrô nunca cresceu em ritmo tão acelerado, já que os 43,6 quilômetros de malha que estavam em operação em 1994 foram construídos em 30 anos. Em nenhum momento, o governo do Estado se recusou a "ampliar o metrô" e nunca dispensou nenhuma contribuição e/ou parceria oferecida pela Prefeitura de São Paulo."
Ana Maria Ribeiro, assessora de imprensa da Secretaria dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Judiciário
"Há uma greve no Judiciário Federal por reposições salariais. E sobre o assunto só se ouve e se lê que a conta, se concedidas as reposições solicitadas, ficará em bilhões de reais. A mídia não diz que, enquanto grande parte do quadro permanecia sem reajuste desde 1995, serviços públicos privatizados tiveram a correção de suas tarifas garantida por contrato. O argumento da escassez de recursos, sempre trazido à baila, nunca foi obstáculo para a ampliação de despesas de outro tipo, como o socorro a bancos quebrados ou o pagamento dos juros da dívida pública."
Henrique Augusto Tutini, técnico judiciário da Justiça Federal de Primeira Instância (São José do Rio Preto, SP)



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