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TOLERÂNCIA NA AVENIDA
Em sua 7ª edição, a Parada do
Orgulho de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros, realizada
anteontem em São Paulo, bateu novo
recorde de público e se firmou como
um dos maiores eventos do tipo em
todo o mundo. Segundo estimativas
da Polícia Militar e da Companhia de
Engenharia de Tráfego (CET), cerca
de 800 mil pessoas participaram ou
assistiram ao desfile. Como nas versões anteriores, não se registraram
incidentes de maior gravidade.
O sucesso da parada é também um
motivo de satisfação para São Paulo,
que, ao abrigar uma manifestação
dessa natureza, revela sua vocação
cosmopolita e mostra que boa parte
de seus habitantes e de sua opinião
pública cultivam a tolerância, a qual
constitui a base mesma do bom convívio democrático.
O próprio êxito da manifestação,
porém, é um indicativo de que ainda
há muito a avançar antes de que homossexuais e congêneres tenham
conquistado a plena cidadania no
Brasil. Numa sociedade ideal, a
orientação sexual não seria uma
questão a dividir opiniões ou a despertar polêmica. Num contexto em
que não houvesse preconceito, a Parada Gay não despertaria tanta atenção e não faria tanto sucesso.
Isso não significa, é claro, que o
movimento não mereça consideração e apoio. A igualdade ainda que
com data marcada é sem dúvida nenhuma preferível ao silêncio absoluto a que são condenados os homossexuais em muitas sociedades.
Até que vivamos em um mundo
melhor, onde a orientação sexual de
um indivíduo será tão irrelevante
quanto seu gosto por alimentos, é
preciso cultivar diariamente a tolerância e o respeito pela diferença. É
uma forma de ampliar a democracia.
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