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São Paulo, terça-feira, 24 de junho de 2003

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TOLERÂNCIA NA AVENIDA

Em sua 7ª edição, a Parada do Orgulho de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros, realizada anteontem em São Paulo, bateu novo recorde de público e se firmou como um dos maiores eventos do tipo em todo o mundo. Segundo estimativas da Polícia Militar e da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), cerca de 800 mil pessoas participaram ou assistiram ao desfile. Como nas versões anteriores, não se registraram incidentes de maior gravidade.
O sucesso da parada é também um motivo de satisfação para São Paulo, que, ao abrigar uma manifestação dessa natureza, revela sua vocação cosmopolita e mostra que boa parte de seus habitantes e de sua opinião pública cultivam a tolerância, a qual constitui a base mesma do bom convívio democrático.
O próprio êxito da manifestação, porém, é um indicativo de que ainda há muito a avançar antes de que homossexuais e congêneres tenham conquistado a plena cidadania no Brasil. Numa sociedade ideal, a orientação sexual não seria uma questão a dividir opiniões ou a despertar polêmica. Num contexto em que não houvesse preconceito, a Parada Gay não despertaria tanta atenção e não faria tanto sucesso.
Isso não significa, é claro, que o movimento não mereça consideração e apoio. A igualdade ainda que com data marcada é sem dúvida nenhuma preferível ao silêncio absoluto a que são condenados os homossexuais em muitas sociedades.
Até que vivamos em um mundo melhor, onde a orientação sexual de um indivíduo será tão irrelevante quanto seu gosto por alimentos, é preciso cultivar diariamente a tolerância e o respeito pela diferença. É uma forma de ampliar a democracia.


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