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São Paulo, terça-feira, 24 de junho de 2003

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ELIANE CANTANHÊDE

Tudo na mesma

BRASÍLIA - A gente vai, a gente vem, e tudo continua na mesma. Só se fala e reclama de juros altos (altíssimos, aliás) e de superávit primário proporcional ao arrocho. E ninguém faz nada para mudar.
É por isso que Lula, seus assessores políticos ou os marqueteiros do governo, sei lá, decidiram virar o disco nesta semana, com festas e boas notícias: verbas camaradas para a agricultura na terça, microcrédito para a indústria na quarta e, na quinta, visita à Fiesp (capital) e a metalúrgicos do ABC (trabalho).
Pausa para a viagem de Lula à Colômbia e volta à carga na semana que vem, com o programa do primeiro emprego, aquele -ou um daqueles- que o governo vive anunciando desde janeiro e nunca sai do papel. Parece que agora vai.
Tudo muito bom, tudo muito bem, mas, daí a Lula e a uma fila de ministros e parlamentares petistas alardearem que "tudo está mudando", vai uma diferença enorme, quase do tamanho dos juros brasileiros.
Na versão oficial e otimista, até aqui o governo e o país giraram em torno da estabilidade, mas, a partir de hoje, ao longo da semana e para todo o sempre, passa-se a tocar o discurso do crescimento e do emprego.
Na desconfiança de quem está de fora, e não tão otimista assim, parece só mais uma onda de palavras, promessas e boas intenções. Porque é difícil pensar em crescimento e emprego no duro com esses juros e esse arrocho. Não é, vice José Alencar?
A gente vai, a gente vem, mas já está todo mundo bem crescidinho para saber que, sem sacudir a política macroeconômica, nada feito. Paliativos são... apenas paliativos. Para ir distraindo a turma, enquanto não se pensam e assumem medidas para realmente aquecer a economia e gerar os 10 milhões de empregos prometidos por Lula na campanha.
Bem, mas o mais chato é descobrir que efetivamente tudo continua na mesma, até os paliativos. E não na mesma de um mês atrás, quando tirei férias, mas de um, dois, três, sabe-se lá quantos anos.


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