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OTAVIO FRIAS FILHO
Primeiras apostas
A eleição para a Prefeitura de
São Paulo parece que será a grande vedete deste ano eleitoral. Sempre
importante, pelo peso específico da cidade no país, a campanha paulistana
desta vez reúne características que fazem prever uma eleição disputada,
com tendências políticas claramente
representadas e capaz de galvanizar as
atenções em escala nacional.
Segundo as pesquisas, os três principais candidatos -Serra (PSDB), a
atual prefeita Marta (PT) e o ex-prefeito Maluf- dividem as preferências de
modo equilibrado, com vantagem para o tucano. Três personalidades fortes, com imagem consolidada junto
aos eleitores. Três vertentes políticas: a
centro-esquerda do tucanato, a "direita" do petismo e o populismo conservador de Paulo Maluf.
Reportagem publicada na Folha
mostrou que, do ponto de vista jurídico, não existe perspectiva de que Maluf tenha sua candidatura invalidada
em decorrência das múltiplas investigações de que vem sendo alvo, num
cerco que parece se fechar em torno
dele. Presume-se que sua candidatura
lhe permita ficar em evidência, atribuir as denúncias a complô eleitoral
de adversários e agradar ao PT.
É fato estatístico que o eleitorado de
Maluf (base social constante e inelástica, que orça por quase um terço do
total) migraria, na hipótese de não
poder sufragá-lo mais uma vez, para
Serra numa proporção de 7 em cada
10 -evidência suficiente de que a
presença de Maluf favorece a petista
Marta. Imune do ângulo judicial, Maluf deverá sofrer, porém, ao menos algum desgaste em resultado da inevitável hiperexposição de sua via-crúcis
processual na TV e no conjunto da
mídia.
Do lado da atual prefeita, dois movimentos deverão entrecruzar-se, com
consequências difíceis de antever.
Com a opção preferencial pelas obras
viárias e a concessão de subsídios cujo
financiamento é opaco, sua gestão
passará a colher resultados crescentes
até a eleição. Ao mesmo tempo, o governo Lula, ao qual sua imagem está
vinculada, vem perdendo popularidade há meses. E o ritmo da queda
tem se acelerado.
Os demais candidatos, com a possível exceção da ex-prefeita Erundina,
parecem fora do jogo. Os partidos
mais fisiológicos aderiram à prefeita.
O PMDB, embora também fisiológico, não fechou acordo semelhante e
lança um candidato que vai acumular
"recall" eleitoral. A oposição em nível
federal -tucanos e liberais do PFL-
está reunida na candidatura Serra.
Interessados em persuadir o eleitorado a lavrar um protesto contra os
descaminhos de Lula à custa das vastas ambições de Marta, os tucanos farão o possível para "federalizar" o debate, embora dando a impressão de
que só pensam mesmo é na cidade. Os
petistas tentarão associar a postulação de Serra a um suposto revanchismo de derrotados e dirão que Marta
tem resultados concretos a apresentar. O jogo mal começou.
Otavio Frias Filho escreve às quintas-feiras nesta coluna.
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