São Paulo, quinta-feira, 24 de junho de 2010

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KENNETH MAXWELL

Investidores do Brasil

O Brasil vem silenciosamente ampliando o seu papel internacional nos últimos anos, e não apenas no plano diplomático. Grandes empresas brasileiras adquiriram significativos ativos no exterior, o que está fazendo delas importantes agentes no mundo em mutação do capitalismo internacional.
No passado, muitos observadores se preocupavam com a possibilidade de que os fundos de investimento "soberanos", ou seja, os vastos ativos em dólares acumulados por países como Cingapura, China e os emirados ricos em petróleo do Oriente Médio e do golfo Pérsico, usassem sua riqueza para assumir o controle de empresas norte-americanas e europeias.
Mas o desafio que eles ofereciam foi exagerado demais na época e, desde que surgiu a crise econômica mundial, em larga medida ficou para trás. Em lugar disso, as aquisições vêm sendo lideradas pelo setor privado brasileiro. O processo começou com a fusão da Brahma com a Antarctica, em 1999, que criou uma grande fabricante de cerveja sul-americana chamada AmBev.
Em 2004, a AmBev se fundiu com a companhia belga Interbrew, fabricante das cervejas Stella Artois e Beck's, e, em 2008, adquiriu a Anheuser-Busch, norte-americana que produz a Budweiser. Hoje tem participação de 25% no mercado mundial de cerveja.
Recentemente, a Marfrig Alimentos, de São Paulo, uma das maiores produtoras brasileiras de carne bovina, adquiriu a Keystone Foods, criando uma multinacional de US$ 16 bilhões. Sediada na Pensilvânia, a Keystone abastece empresas como McDonald's, Subway Restaurants e Campbell Soups com nuggets de frango, hambúrgueres e outros produtos de carne e tem presença em 13 países, da França à Austrália.
Ironicamente, Glenn Beck, o comentarista televisivo ferozmente direitista do Fox News Channel, vem liderando uma campanha contra o presidente Obama pela suposta conivência deste com George Soros e seu fundo de hedge em um investimento na Petrobras. A Fact Check.org, uma organização independente de verificação, afirma que a alegação constitui exagero. Soros de fato tem investimentos na Petrobras, mas isso aparentemente nada tem a ver com Barack Obama.
Com o desastre que continua a se desenrolar no golfo do México, porém, o assunto oferece alvo tentador demais.
A mais recente pesquisa de opinião pública do "New York Times" mostra que 47% dos entrevistados desaprovam a forma pela qual Obama está conduzindo a questão do vazamento de petróleo. E 50% deles estão "razoavelmente confiantes ou muito confiantes" em que a BP indenizará justamente os prejudicados.

KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.

Tradução de PAULO MIGLIACCI.



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