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KENNETH MAXWELL
Investidores do Brasil
O Brasil vem silenciosamente ampliando o seu papel
internacional nos últimos
anos, e não apenas no plano
diplomático. Grandes empresas brasileiras adquiriram significativos ativos no exterior,
o que está fazendo delas importantes agentes no mundo
em mutação do capitalismo
internacional.
No passado, muitos observadores se preocupavam com
a possibilidade de que os fundos de investimento "soberanos", ou seja, os vastos ativos
em dólares acumulados por
países como Cingapura, China
e os emirados ricos em petróleo do Oriente Médio e do golfo Pérsico, usassem sua riqueza para assumir o controle de
empresas norte-americanas e
europeias.
Mas o desafio que eles ofereciam foi exagerado demais
na época e, desde que surgiu a
crise econômica mundial, em
larga medida ficou para trás.
Em lugar disso, as aquisições vêm sendo lideradas pelo
setor privado brasileiro. O processo começou com a fusão da
Brahma com a Antarctica, em
1999, que criou uma grande
fabricante de cerveja sul-americana chamada AmBev.
Em 2004, a AmBev se fundiu com a companhia belga
Interbrew, fabricante das cervejas Stella Artois e Beck's, e,
em 2008, adquiriu a Anheuser-Busch, norte-americana
que produz a Budweiser. Hoje
tem participação de 25% no
mercado mundial de cerveja.
Recentemente, a Marfrig
Alimentos, de São Paulo, uma
das maiores produtoras brasileiras de carne bovina, adquiriu a Keystone Foods, criando
uma multinacional de US$ 16
bilhões. Sediada na Pensilvânia, a Keystone abastece empresas como McDonald's,
Subway Restaurants e Campbell Soups com nuggets de
frango, hambúrgueres e outros produtos de carne e tem
presença em 13 países, da
França à Austrália.
Ironicamente, Glenn Beck,
o comentarista televisivo ferozmente direitista do Fox
News Channel, vem liderando
uma campanha contra o presidente Obama pela suposta conivência deste com George Soros e seu fundo de hedge em
um investimento na Petrobras. A Fact Check.org, uma
organização independente de
verificação, afirma que a alegação constitui exagero. Soros
de fato tem investimentos na
Petrobras, mas isso aparentemente nada tem a ver com Barack Obama.
Com o desastre que continua a se desenrolar no golfo
do México, porém, o assunto
oferece alvo tentador demais.
A mais recente pesquisa de
opinião pública do "New York
Times" mostra que 47% dos
entrevistados desaprovam a
forma pela qual Obama está
conduzindo a questão do vazamento de petróleo. E 50%
deles estão "razoavelmente
confiantes ou muito confiantes" em que a BP indenizará
justamente os prejudicados.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI.
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