São Paulo, Quinta-feira, 24 de Junho de 1999
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PAINEL DO LEITOR

Depósito de cal

"Com relação às reportagens publicadas na edição de 19/6, com os títulos "SP tem o maior depósito de cal contaminada" e "Empresa admite toxicidade limitada", e ao editorial de 21/6 "Brincando com veneno", a Solvay Indupa do Brasil gostaria de esclarecer alguns pontos que considera equivocados:
A decisão de interditar o depósito de cal partiu da própria empresa e da Cetesb, assim que souberam, pelo Ministério da Agricultura, que os problemas ocorridos com a polpa cítrica na Europa poderiam ter alguma relação com a cal fornecida pela Solvay Indupa do Brasil, e não devido à denúncia feita pelo Greenpeace.
A Solvay Indupa do Brasil pode assegurar que as condições do depósito, constantemente monitorado, afastam o risco de afetar a qualidade da água da represa Billings por meio de vazamento. Quanto às águas de chuva, essas são tratadas antes de serem enviadas ao rio.
O depósito de cal da Solvay Indupa do Brasil nunca esteve submerso em razão das águas da chuva.
A Solvay Indupa do Brasil não descarta sobras do seu processo industrial no rio Grande. O que realmente ocorre é o lançamento de seus efluentes líquidos, tratados de acordo com a legislação vigente.
É importante ressaltar que o laboratório Ergo ainda não divulgou oficialmente a conclusão de seus relatórios nem apontou oficiosamente a Solvay Indupa do Brasil como a responsável pela cal que contaminou a polpa cítrica, como afirma o Greenpeace.
Quanto ao editorial, a empresa assegura que a Grande São Paulo não "convive distraidamente com uma verdadeira bomba-relógio venenosa, na forma de 1 milhão de toneladas de cal contaminada com um dos produtos tóxicos da família da dioxina, altamente cancerígena", pois as dioxinas encontradas em seu depósito de cal não estão presentes em todo o produto depositado, mas somente em 10% desse total, e são baixa toxicidade."
Rogério Fragale, direção industrial da Solvay Indupa do Brasil S/A (São Paulo, SP)

Cebrap

"Quero expressar minha indignação contra os termos e o teor da carta publicada no "Painel do Leitor" de 18/6, assinada por dois pesquisadores do Cebrap. Custa-me acreditar que pesquisadores possam abdicar da crítica política responsável para se dedicarem ao esporte de jogar lama no ventilador.
Ficamos sabendo que "há quem se locuplete nesses dias de libertinagem". Quem se locupleta? A resposta é obscura. Trata-se da "elite ocupante" (sic) "para a qual só importa que dure o rega-bofe".
Fico pasma. Parece-me que se trata de uma acusação contra o Poder Executivo federal. Não consigo, entretanto, identificar esses falsos tecnocratas, libertinos e psicóticos que se locupletam (com dinheiro público?). Serão os ministros de Estado? Todos são suspeitos, pois fazem parte da "elite ocupante". Mas parece que o gênio do mal é mesmo o presidente da República, pois os missivistas possuem contra ele uma prova irretorquível: indicou para dirigir a Polícia Federal um delegado contra o qual, depois da indicação, surgiram suspeitas de ter sido torturador.
Foi certamente um episódio infeliz, mas ninguém em sã consciência pensaria que o presidente indicaria para essa posição uma pessoa que ele soubesse ter sido um torturador. As escolhas são feitas a partir de informações fornecidas pelos seus auxiliares. Nem o ministro da Justiça, sabidamente contra a indicação, levantou suspeitas desse tipo.
Qual é a causa da violência e irresponsabilidade das acusações?"
Eunice R. Durham, pesquisadora do Nupes -Núcleo de Pesquisa sobre Ensino Superior da USP (São Paulo, SP)

Diretor da PF

"A Folha ter escrito, na Primeira Página, "o novo diretor-geral da Polícia Federal, Agílio Monteiro Filho, que é negro", foi até cômico, para não dizer trágico. Seria o mesmo que colocar: o diretor de Redação da Folha, Otavio Frias Filho, que é branco."
José Maria C. Queiroz (Itapeva, SP)

Bares fechados

"O vereador paulistano Jooji Hato conseguiu aprovar o seu projeto de fechamento de bares e similares à 1h para diminuir a violência.
Então que se retirem os semáforos para acabar com os assaltos aos motoristas. Que se fechem também todos os bancos. Assim a cidade consegue evitar os frequentes roubos às agências!"
Fernando Seiji Nakagawa (Taboão da Serra, SP)

Banespa

"FHC realmente enlouqueceu. Agora demite toda a diretoria do Banespa, como se eles é que tivessem impetrado a ação da CPMF. Conforme se noticiou, foi a Associação dos Banespianos que moveu a ação e ganhou, no meu entender de forma correta. Espero que a categoria dos bancários reaja imediatamente e reverta a situação."
Ana Cecilia Canonico (São Paulo, SP)

Colaboração

"O sr. Carlos A. Polonio reclama, na edição de domingo do "Painel do Leitor", da "difícil tarefa de ler, diariamente, "esclarecimentos" sobre a administração municipal". Infelizmente, o leitor tem toda a razão. Gostaríamos muito, sr. Polonio, de frequentar menos este espaço, mas, enquanto a Folha insistir na sua campanha preconceituosa contra o prefeito Celso Pitta, este é o único lugar em que podemos expor a verdade -já que, nas suas reportagens, o chamado "outro lado" só é ouvido quando a manchete já está pronta (e, por mais que se explique, nem os fatos são capazes de desfazê-la).
Se o sr. não lê aqui tantas cartas de assessores do presidente, de ministros, do governador e de secretários estaduais, com certeza não é por falta de ter o que esclarecer (vide casos CDHU, Marka, privatizações, etc.), mas sim porque eles não lutam diariamente contra a manipulação da notícia.
No português claro: o rabo preso da Folha não é bem com o leitor."
André Sales, assessor de imprensa da Secretaria de Comunicação Social da Prefeitura de São Paulo (São Paulo, SP)

ACM x Clóvis Rossi

"Se a estratégia de ACM para a sua campanha presidencial consiste em manter-se visível na mídia por meio de discussões verborrágicas públicas, é melhor que tome como interlocutores apenas seus adversários políticos, porque nesse campo seu poder de coronel faz com que muitos baixem a cabeça.
O mesmo não acontece na imprensa, onde, felizmente para a democracia, temos homens como Clóvis Rossi, Elio Gaspari, Carlos Heitor Cony, entre outros, que podem expressar-se com liberdade e não fazem nenhuma questão dos seus "elogios irônicos"."
Cristiano Pádua da Silva (Belo Horizonte, MG)

"É triste ver dois homens já com idade avançada brigando feito crianças, usando um dos maiores e mais bem-conceituados jornais do país para externar sua falta de polidez, dois homens cuja influência e inteligência estão acima de qualquer dúvida. Percebo cada vez mais a desqualificação das pessoas que mandam nesse país (políticos e imprensa) e ao mesmo tempo fico decepcionado e envergonhado."
Flávio Roberto Corá (Goiânia, GO)


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