São Paulo, sábado, 24 de julho de 2010

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FERNANDO DE BARROS E SILVA

Hegemonia à paulista

SÃO PAULO - Hoje, o tucano Geraldo Alckmin seria eleito governador de São Paulo em primeiro turno. Com 49% das intenções de voto, ele supera, com grande folga, os 33% dos seus adversários somados.
O senador Aloizio Mercadante, do PT, é o segundo colocado, com 16% dos votos, de acordo com o Datafolha. E Celso Russomanno, do PP de Paulo Maluf, vem em terceiro, com 11%. Os demais, juntos, têm 6% (incluindo aí o empresário Paulo Skaf, do PSB, com apenas 2%).
Se confirmar o favoritismo, Alckmin dará ao PSDB uma hegemonia de duas décadas em São Paulo. O Estado é tucano há 16 anos consecutivos, desde que, em 1994, na esteira do Plano Real, Mário Covas derrotou Francisco Rossi, populista de direita egresso da Arena, então no PDT e atualmente no PMDB.
Em 1998, Covas se reelegeu ao vencer Maluf numa disputa acirradíssima. Foi a partir daí que a hegemonia tucana em SP se enraizou.
Mais do que isso: desde então, o PT passou a ser, também em SP, o "outro" do PSDB, reproduzindo a polarização que já ocorria no plano nacional desde 1994. O malufismo, em torno do qual gravitava a direita até o final dos anos 90, perdeu o protagonismo e vem murchando, em benefício, sobretudo, do PSDB.
Mas a situação de Alckmin pode ser menos folgada do que parece. Se Russomanno não derreter, é provável que haja segundo turno. Dilma Rousseff tem hoje 30% das intenções de voto no Estado. É óbvio que Mercadante deve subir, inclusive pelo bom momento do país.
Há, além disso, um padrão no comportamento do eleitorado paulista nas últimas eleições. Em 2002, Alckmin derrotou José Genoino, no segundo turno, com 58% dos votos. No primeiro turno, o petista havia alcançado 32%, marca idêntica à de Mercadante em 2006, quando perdeu o governo para Serra, que o venceu no primeiro turno com os mesmos 58% de Alckmin. Ir agora ao segundo turno já será uma vitória para o PT. Sim, porque derrotar Alckmin hoje seria um milagre.


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