São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 2006

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CLÓVIS ROSSI

Já ganhou

SÃO PAULO - Salvo o imponderável, que, por definição, não pode entrar na análise, Luiz Inácio Lula da Silva já está reeleito. Não são apenas as pesquisas que sustentam tal afirmação, embora elas tenham peso determinante. Nos 40 dias transcorridos desde que as pesquisas podem ser consideradas comparáveis, os dois principais candidatos moveram-se apenas na margem de erro. Assim mesmo, Lula oscilou para cima, Alckmin, para baixo. Supor que possa haver uma guinada nos 40 dias que faltam até o voto é questão de fé, não de política. Além disso, trata-se da campanha mais fria da história democrática. Se bobear, até algumas eleições decididas pelo Alto Comando do Exército tiveram mais emoção. Frieza favorece sempre a situação, jamais a oposição. Mesmo que a oposição entre pesadamente na questão ética, dificilmente mudará o quadro. Pesquisa Datafolha deste mesmo ano mostrava que 81% dos consultados achavam que havia corrupção no governo Lula, mas, ainda assim, a intenção de voto nele passava levemente dos 40% (aliás, com Fernando Henrique Cardoso deu-se fato parecido em 1998). Corrupção não parece fator essencial para definir o voto, a partir do disseminado pressuposto de que "roubar, todos roubam". O que está decidindo o voto é a comparação entre as gestões do PSDB e a de Lula. Ganha Lula, ainda que ambas tenham sido medíocres. Criar 5 milhões de empregos (mesmo com as dúvidas estatísticas sobre esse número) é medíocre para um país que necessitaria 10 milhões, segundo o próprio Lula. Mas é mais que o emprego criado por FHC. Ponto. Falta o debate que vá além da comparação entre mediocridades. Por exemplo: é possível -e como é possível?- criar os tais 10 milhões de empregos? Fica para janeiro de 2007. Ou para 2010.

crossi@uol.com.br


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