São Paulo, terça-feira, 24 de agosto de 2010

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ELIANE CANTANHÊDE

Circo do horrores

BRASÍLIA - A propaganda dos candidatos a deputado federal de São Paulo, o Estado mais rico e com o maior eleitorado do país, virou um circo dos horrores. Impossível sair da TV sem a sensação de que o Congresso está virando galhofa e um ímã para galhofeiros.
Os candidatos com partido e representatividade são engolidos por falsos palhaços, personagens patéticos, moças inescrupulosas, famosos empurrando parentes, atletas surfando na glória efêmera.
Desde o costureiro Ronaldo Esper, tão surpreendente quanto o seu PTC, seus óculos escuros e a roupa chocante, até o cantor Agnaldo Timóteo, tentando seduzir os órfãos do estilista Clodovil. E a tal "Mulher Pera", coitadinha, achando-se sexy e com um discurso descabido: "Jovem vota em jovem". Que jovem, que tipo de jovem?
Raul Gil "tira o chapéu" para o seu filho, e Mara Maravilha pede voto para seu "esposo", o "servo de Deus" fulano de tal. O boxeador Maguila fala manso, e o craque Marcelinho Carioca quer trocar o gramado pelo Salão Verde da Câmara, para "jogar com você no mesmo time".
Enéas continua vivo, vivíssimo, na campanha: Luciano Enéas usa a mesma barba, os mesmos óculos e o mesmo tom, Luciana Costa promete "combate à droga e à pedofilia" e encerra grotescamente sua fala: "Meu nome é Luciana". Poderia ser um programa de humor, mas precisa ser levado a sério.
E já se dá de barato que o Tiririca, com sua peruca loura, sua fantasia ridícula e seu discurso desconexo, está com vaga garantida nessa "renovação" dos 513 deputados e de dois terços dos 81 senadores. É o Congresso indo ladeira abaixo, fraco, desacreditado. Aliás, onde foram parar as CPIs?
Pior do que isso, só a eleição dos candidatos ficha sujíssima, como Joaquim Roriz, que governou quatro vezes o DF. A Justiça impugnou a candidatura, mas a candidatura impugnada vai vencer. Pode? Pode.

elianec@uol.com.br


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