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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Emergentes
e o futuro
TEVE GRANDE repercussão a
matéria da revista "Economist" (16/9/2006) sobre o
novo poder dos países emergentes.
Os dados apresentados mostram
que, no agregado, o PIB dos emergentes (medido em poder de compra) é maior do que o PIB dos países avançados. De certo modo, essa
é uma grande surpresa para a literatura econômica.
Passou o tempo em que duas ou
três nações respondiam pela hegemonia do mundo. Os países em desenvolvimento estão crescendo depressa, usam a metade da energia
mundial e acumulam a maior parte
das reservas estrangeiras. Basta citar a China como um gigante que
consome todos os tipos de energéticos e que tem em seus cofres mais
de US$ 1 trilhão.
Ao fazer previsões sobre o destino desses países, o Brasil, junto
com a Índia, a Rússia e a China, coloca-se entre os mais promissores.
Além disso, fica cada vez mais claro
que os países emergentes estão se
tornando estratégicos para a economia dos países avançados. Se
olharmos para a China, novamente
verificamos que a produção em
grande escala e a preços baixos tem
contribuído de forma decisiva para
baixar a inflação e a taxa de juros
assim como para alavancar investimentos nas nações do Primeiro
Mundo.
Nesse sentido, as economias dos
dois grandes blocos mostram claros sinais de integração e interdependência. A participação das exportações dos países emergentes
no comércio mundial saltou de
20% em 1970 para 43% em 2005. A
interpenetração é crescente.
O problema é que o crescimento
dos países emergentes melhora as
economias avançadas, mas não necessariamente os seus povos. Desemprego, migração de empresas e
redução de renda começam a preocupar os países mais ricos. Entre os
mais pobres, o bem-estar social
não avança na mesma velocidade
da integração econômica.
O Brasil está no meio desse quadro. Com raras exceções, nossas
exportações a bons preços têm favorecido o progresso de várias outras nações, mas não do povo brasileiro. Os avanços nesse campo têm
sido tímidos e limitados a certos
setores.
Mas não há por que desanimar.
Eles poderão ser muito mais expressivos à medida que o país realizar de uma vez por todas as reformas que garantem o aumento de
produtividade, da competitividade, da renda e dos investimentos,
sem esquecer, é claro, da melhoria
da qualidade da educação e da saúde do nosso povo. Com os recursos
que temos, em uma ou duas décadas passaremos para a primeira divisão dos países avançados. É só fazer o que for necessário.
antonio.ermirio@antonioermirio.com.br
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos
domingos nesta coluna.
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