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Margem de incerteza
Ao apontar queda nas intenções de voto em Dilma
e crescimento de Marina, pesquisa Datafolha estimula aprofundamento do debate
Uma alteração sensível, ainda
que limitada, registra-se na última
pesquisa do Datafolha sobre a sucessão presidencial.
Diminuiu de 14 para 8 pontos
percentuais a vantagem, em votos
válidos, da candidata Dilma Rousseff sobre os demais concorrentes.
Se, desse modo, permanecem nítidas as chances de sua vitória no
primeiro turno, esta é a primeira
vez, desde julho, em que a petista
vê diminuírem seus índices de
preferência no eleitorado.
Não foi o tucano José Serra, entretanto, o maior beneficiado pelas oscilações da última pesquisa.
Depois de manter-se longamente
em torno dos 10%, a candidata
Marina Silva, do PV, obtém agora
13% das preferências, chegando a
ultrapassar Serra no Distrito Federal e na cidade do Rio de Janeiro.
Os resultados refletem o impacto das revelações sobre tráfico de
influência na Casa Civil, que resultaram na saída de Erenice Guerra,
braço direito de Dilma e sua sucessora no cargo. Custa a crer que a
candidata de Lula não soubesse
da infiltração de interesses particulares na área do governo sob
sua ascendência mais direta.
Há razões claras, portanto, para
o relativo desgaste da campanha
dilmista. Menos evidentes, talvez,
são os prognósticos quanto aos
passos a serem tomados pelas
candidaturas oposicionistas até a
eleição. O comportamento errático da campanha de Serra, hesitando por vezes em assumir plenamente o confronto com a herança
do lulismo, e entregue ao jogo interminável das incompatibilidades e intrigas de bastidor, não
contribuiu para que se fixasse
uma base eleitoral sólida em torno
de seu nome.
Marina, por sua vez, manteve-se ligada, ao longo da disputa, a
uma parcela minoritária do eleitorado para a qual as preocupações
ambientais assumem importância
maior do que os assuntos que dividem e enfurecem defensores e adversários do lulismo.
Mantêm-se, de todo modo, as
dificuldades estruturais de qualquer campanha oposicionista
num país com bons índices de
crescimento econômico e baixas
taxas de inflação. A conjuntura favorável atenua, na percepção do
eleitorado, as graves e seguidas
evidências de abuso na máquina
pública, de loteamento fisiológico
dos cargos estatais, de aliança
com o que há de politicamente
mais atrasado e antidemocrático
no plano regional e no âmbito da
política externa.
A eventualidade de um segundo turno, mais plausível a partir
dos dados da última pesquisa,
possibilita que não apenas esses
temas críticos, mas também as
propostas programáticas mais
amplas dos candidatos, passem a
ser debatidos com uma profundidade que até agora tem faltado à
campanha sucessória.
Resta saber se, no campo da
oposição, existem reais condições, políticas e subjetivas, para
que os candidatos se qualifiquem
a um papel que nem sempre se
mostraram dispostos a exercer.
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