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PALPITE INFELIZ
A despeito dos seguidos cortes
na taxa básica de juros, que
passou nos últimos meses de 26,5%
para os atuais 19%, os valores cobrados no crédito permanecem excessivamente elevados. Segundo dados
da Anefac (Associação Nacional dos
Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), os juros médios ao consumidor encontram-se
em 153,50% ao ano. A taxa do cheque especial é de 180,3%. A do empréstimo pessoal oferecido por bancos está em 103%, e os juros cobrados pelo comércio giram em torno
de 106% ao ano.
Diante dessa realidade, causa espanto a declaração do ministro do
Planejamento, Guido Mantega, ao
tentar relativizar as recomendações
feitas pelo vice-presidente da República, José Alencar, sobre compras a
crédito. Disse o vice: "As pessoas não
podem aceitar os juros que pagam,
não podem comprar a prazo ou buscar recursos em bancos com a taxa
de juros na altura em que está". A essa observação, extremamente sensata, o ministro Mantega procurou responder afirmando que os juros ao
consumidor já caíram em algumas
situações e que "valeria a pena voltar
a comprar a crédito".
Ora, as linhas especiais criadas pelo governo podem ter taxas melhores, mas ainda assim são altas. Uma
pessoa de baixa renda que consiga
obter R$ 200 emprestados numa instituição pública, a juros de 2% ao
mês, estará pagando, ao final de um
ano, cerca de R$ 52 de juros. Não se
trata, obviamente, de desprezar os
esforços para oferecer melhores condições creditícias em bancos oficiais.
É forçoso, porém, reconhecer que
são opções extremamente restritas e
ainda desvantajosas se o consumidor
tiver a opção de poupar ou de pagar à
vista. Num país em que os consumidores em geral não se preocupam
com as taxas, mas com o tamanho
da prestação em relação aos demais
gastos pessoais, seria mais correto e
adequado se o ministro seguisse o vice e recomendasse toda cautela nas
compras a crédito.
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