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RUY CASTRO
Pela Maria da Penha
RIO DE JANEIRO - Um juiz de
Sete Lagoas, MG, freqüentou o noticiário esta semana por declarar
"inconstitucional" a Lei Maria da
Penha, que protege a mulher contra
as agressões do marido ou companheiro. Segundo o juiz, a lei é absurda porque transforma o homem
num "tolo", num subjugado "sem
autoridade". Diz também o juiz que
a desgraça humana começou no
Éden, quando Eva tentou Adão. E
acrescenta: "O mundo é masculino!
A idéia que temos de Deus é masculina! Jesus era homem!".
Peço vênia para discordar. Para
mim, o episódio da maçã marcou
muito mais a possibilidade de redenção do homem que de sua maldição. Pelo menos, deu um sentido
à sua vida: pecar. E não entendo a
empolgação do magistrado pelo gênero masculino. Ao contrário, acho
que o homem só faz o que faz
-constrói submarinos, promove
guerras, levanta cidades, pinta capelas, compõe baiões ou escreve
"Memórias de um Sargento de Milícias"- para se compensar pelo fato
de não ter ovários. Sem falar em
que, segundo Freud, a maioria dos
homens só faz tudo isso para impressionar as mulheres.
A ojeriza do ilustre juiz denota
também um certo desprezo pela
condição intelectual da mulher.
Nesse ponto, ele pode não estar sozinho. Uma avaliação da inteligência na escala animal, feita há tempos pela OMS (Organização Mundial da Saúde), deu o homem em 1º,
o chimpanzé em 2º e, creio, o gato
em 3º. Baseando-me em meio século de observação empírica, sou mais
pela mulher em 1º, o gato em 2º e o
chimpanzé em 3º. O homem emplacaria, se tanto, um 6º lugar, depois do pernilongo e do papagaio.
Já me convenci, inclusive, de que o
homem é só um instrumento usado
pelas mulheres para produzir mais
mulheres. Pai de duas filhas, não tenho nada contra e achei ótimo ser
um elo nessa cadeia de produção.
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