São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 2008

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ELIANE CANTANHÊDE

O pêndulo tucano

BRASÍLIA - Merecem atenção duas frases meio soltas, às quais a imprensa nem deu muita bola.
De Geraldo Alckmin, apesar de desvincular 2008 de 2010: "O governador de São Paulo e o PSDB se fortalecem. Estão muito bem".
De Gilberto Kassab, jurando que, se eleito, vai cumprir os quatro anos de mandato: "Não votem em mim se eu sair [para se candidatar ao governo do Estado]".
Com o devido desconto de que políticos falam o que convém falar, e não exatamente o que sentem e o que pretendem fazer, as duas frases sinalizam que a entidade PSDB-DEM está botando suas cartas na mesa para 2010 em São Paulo: Kassab quietinho na cadeira de prefeito, Alckmin para o governo (até por falta de outro/outros) e José Serra para presidente, livre para negociar com o PMDB.
A derrota desune, a vitória une.
Os tucanos paulistas engolem em seco velhas mágoas e tentam se acomodar diante da perspectiva de eleição de Kassab -pelo Datafolha, ele tem 54%. Só falta combinar com o "adversário" que vem de fora.
Aécio Neves saiu cabisbaixo do primeiro turno em Belo Horizonte, onde lançou com o PT a candidatura Márcio Lacerda (PSB) e levou um susto atrás do outro. Primeiro, o estouro de Jô Moraes, mulher, paraibana e do PC do B. Depois, o do desimportante Leonardo Quintão, do PMDB, o azarão que chegou apenas dois pontos atrás de Lacerda, apesar de tudo e de todos.
Depois de um bom sacolejo na campanha, porém, Lacerda se recupera em todas as pesquisas e, segundo o Datafolha, tem cinco pontos a mais que Quintão (45% a 40%). Ao mudar de figura em Minas, a coisa muda de figura também no jogo tucano para 2010.
Serra foi a estrela do primeiro turno e é o grande personagem da eleição. Mas, se Lacerda dispara no final, os louros recairão naturalmente sobre Aécio. O que reequilibrará tendências -e ambições- dentro e fora do PSDB nacional.

elianec@uol.com.br



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